Presença de THC no sangue não está correlacionada com mudanças no desempenho ao dirigir, diz estudo

Presença de THC no sangue não está correlacionada com mudanças no desempenho ao dirigir, diz estudo

A presença de THC no sangue não é preditiva de prejuízos no desempenho psicomotor, de acordo com dados do simulador de condução publicados na revista JAMA Network Open.

Pesquisadores afiliados à Universidade de Toronto, no Canadá, avaliaram o desempenho simulado de direção dos indivíduos no início do estudo e novamente 30 e 180 minutos após fumar cannabis. Os participantes tinham entre 65 e 79 anos de idade e fumavam maconha (potência média de 19% de THC) ad libitum (sem restrições) antes de dirigir.

Os indivíduos exibiram “pequenas mudanças na SDLP (desvio padrão no posicionamento lateral)” 30 minutos após a inalação de cannabis. Os investigadores descreveram estas alterações como menos pronunciadas do que as associadas aos condutores com um TAS (transtorno de ansiedade social) inferior a 0,05%.

Consistente com os resultados de estudos anteriores, os participantes diminuíram a velocidade após fumar e eram mais propensos a autoavaliar o seu desempenho como “prejudicado”. O uso de maconha não afetou os tempos de reação dos participantes.

O desempenho de direção simulado dos participantes retornou aos valores iniciais em três horas.

Os autores do estudo concluíram: “O objetivo do presente estudo foi investigar a associação entre cannabis e direção e níveis de THC no sangue em adultos mais velhos. (…) Não houve correlação entre a concentração de THC no sangue e SDLP (desvio padrão no posicionamento lateral) ou velocidade média. (…) A falta de correlação entre direção e THC no sangue enquadra-se nas evidências emergentes de que não existe uma relação linear entre os dois”.

Essa conclusão é consistente com numerosos estudos que relatam que, nem a detecção de THC, nem dos seus metabolitos no sangue e/ou outros fluidos corporais é preditiva de desempenho de direção prejudicada.

Referência de texto: NORML

A proibição da maconha pode “promover involuntariamente” produtos de Delta-8 THC, conclui estudo

A proibição da maconha pode “promover involuntariamente” produtos de Delta-8 THC, conclui estudo

Pessoas em lugares onde a maconha é ilegal são significativamente mais propensas a ter usado produtos contendo canabinoides menos conhecidos, como o delta-8 THC (comumente produzidos de forma sintética), sinalizando que a proibição pode “promover involuntariamente” o uso de produtos pouco regulamentados, de acordo com um novo estudo financiado pelo governo dos EUA e publicado na American Medical Association (AMA).

A carta de pesquisa, publicada na revista JAMA Network Open na semana passada, contém o que diz ser o primeiro conjunto de dados científicos sobre tendências de uso de canabinoides emergentes, como delta-8 THC, CBG e CBN, bem como números atualizados do consumo de produtos CBD.

Pesquisadores da Universidade de Michigan, da Universidade de Buffalo e do Legacy Research Institute analisaram dados de pesquisas de 1.169 adultos entre 22 e 26 de junho. Os resultados mostraram que o uso de CBD aumentou 50% desde 2019, com mais de um em cada cinco estadunidenses (21%) relatando o uso do canabinoide no ano passado.

Esta é uma progressão notável, provavelmente refletindo o aumento da disponibilidade de CBD e outros canabinoides após a legalização federal do cânhamo nos EUA e dos seus derivados ao abrigo da Farm Bill de 2018.

No geral, 25% dos entrevistados relataram ter usado um canabinoide emergente no ano passado. Cerca de 12% dos entrevistados usaram delta-8-THC, 5,2% usaram CBG e 4,4% usaram CBN.

“O maior uso de delta-8-THC em estados sem leis de cannabis para uso medicinal ou adulto sugere que a proibição da cannabis pode promover involuntariamente o uso de delta-8-THC”, diz o estudo.

Entre as pessoas que usaram cannabis no ano passado, aquelas que viviam em estados não legalizados tinham duas vezes mais probabilidade de ter usado delta-8.

Isto parece reforçar uma tendência mais ampla que numerosos estudos identificaram nos últimos anos: proporcionar acesso legal a produtos regulamentados de maconha desvia as pessoas do consumo de produtos não regulamentados. Neste caso, sem ter esse acesso, as pessoas em estados sem legalização estão a utilizando do mercado cinzento de canabinoides que podem ser tecnicamente legais ao abrigo das leis federais sobre o cânhamo, mas que são cada vez mais alvo de mercados estatais devido à falta de regulamentação e de dados sobre impactos na saúde de produtos, como no caso do delta-8 THC.

“Com base nestes resultados, apoiamos os esforços contínuos de vigilância da saúde pública visando os canabinoides emergentes devido à falta de padrões da indústria para proteger os consumidores e farmacologia semelhante ou efeitos do delta-9-THC e seus análogos prejudiciais derivados (sintéticos) do cânhamo (por exemplo, delta-8-THC), que pode ser particularmente preocupante para adolescentes e adultos jovens”, conclui o estudo.

“Nossos resultados destacam a importância de pesquisas futuras para compreender melhor as percepções de segurança, as motivações para o uso e os resultados do uso desses produtos”, afirma.

O estudo foi parcialmente financiado pelo Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA) e pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), que publicaram uma oportunidade de financiamento para projetos de pesquisa que investigam canabinoides “menores” no ano passado.

Há perspectivas divergentes sobre como abordar os canabinoides emergentes entre legisladores, defensores e partes interessadas da indústria. Alguns estados tomaram medidas para proibir ou restringir a sua venda, por exemplo. Outros estão pressionando por regras federais revisadas para regulamentar os canabinoides intoxicantes separadamente do CBD.

Os reguladores estaduais da maconha instaram o Congresso a garantir que estejam examinando políticas para a classe mais ampla de canabinoides emergentes – não apenas para o CBD.

A expectativa é que os legisladores do Congresso abordem a questão durante as negociações sobre a próxima Farm Bill – cuja consideração foi adiada até o próximo ano, depois que a legislação atual foi temporariamente prorrogada.

A Drug Enforcement Administration (DEA) afirmou que considera os canabinoides ilegais se forem produzidos sinteticamente, como é prática comum para o delta -8 THC – mas mesmo assim o mercado para esses produtos floresceu com aplicação limitada.

A Food and Drug Administration (FDA), que tem enfrentado críticas por se recusar a promulgar regulamentos sobre o CBD, abordou apenas superficialmente as questões emergentes dos canabinoides. Por exemplo, a agência enviou cartas de advertência a várias empresas que dizem que estão vendendo ilegalmente produtos “imitadores” de delta-8 THC que são embalados de forma enganosa para imitar marcas populares como Doritos e Cheetos.

Referência de texto: Marijuana Moment

Efeito Entourage: maconha com vários canabinoides produz um efeito mais forte e duradouro do que o THC isolado, conclui estudo

Efeito Entourage: maconha com vários canabinoides produz um efeito mais forte e duradouro do que o THC isolado, conclui estudo

Um novo estudo apoia a teoria do “efeito entourage” (efeito séquito ou comitiva), descobrindo que os produtos de maconha com uma gama mais diversificada de canabinoides naturais produzem uma experiência psicoativa ainda mais forte que dura mais tempo do que o efeito gerado pelos produtos de THC puro (isolado).

O estudo utilizou uma nova tecnologia de eletroencefalograma (EEG) apoiada por IA para quantificar a “onda” que as pessoas experimentaram ao vaporizar dois produtos diferentes: 1) um extrato rosin full sprectrum (espectro completo) com média de 85% de THC, bem como outros canabinoides e terpenos naturais, e 2) um óleo de THC isolado com 82-85% de potência.

“O primeiro grupo exibiu uma resposta psicoativa consideravelmente mais rápida e potente em comparação com o último grupo”.

Um total de 28 adultos participaram do estudo, utilizando o fone de ouvido EEG desenvolvido pela empresa de tecnologia de cannabis Zentrela e tomando duas doses (8 mg) de variedades de THC full sprectrum ou isolado de um vape fabricado pela PAX, que também apoiou o estudo.

Depois de obter uma leitura inicial antes dos participantes consumirem os produtos, o EEG monitorou a atividade em oito regiões do cérebro ao longo de 90 minutos. Os testes foram então convertidos em “níveis de efeitos psicoativos (PEL) numa escala padronizada de 0% a 100%”.

Os resultados mostraram que o rosin com THC e outros canabinoides e terpenos teve um início ligeiramente mais rápido de três minutos, uma leitura de potência mais elevada para o início (20,8%) e uma potência mais elevada no pico após 15 minutos (40%) e após 90 minutos (30,2%).

O início médio do produto THC isolado foi de quatro minutos, com potência de 13,5%. No pico, a potência era de 19,1% e caiu ligeiramente para 18,1%.

Por outras palavras, o estudo, que não foi revisto por pares e não foi publicado numa revista científica, parece apoiar o conceito de um “efeito entourage”, com a maconha que contém uma mistura mais diversificada dos seus componentes naturais produzindo um efeito de experiência mais poderoso. Acredita-se que isto também seja importante para os pacientes, uma vez que o efeito entourage pode reforçar diversas aplicações terapêuticas.

“No espírito de continuar a avançar na investigação da cannabis e na compreensão da planta – que tem sido muito limitada durante muito tempo – queríamos demonstrar através de estudos científicos como os produtos de espectro completo com toda a gama de terpenos e canabinoides têm um impacto mais profundo no início e na experiência final com a cannabis”, disse Brian Witlin, vice-presidente de desenvolvimento de produtos da PAX, num comunicado de imprensa. “Esperamos que este tipo de informação ajude os consumidores a compreender que comprar produtos apenas com base na porcentagem de THC não é o principal indicador da experiência esperada”.

“Este esforço não só aprofunda a nossa compreensão das experiências dos consumidores, mas também sublinha o compromisso de fornecer informações precisas e abrangentes aos consumidores, promovendo assim a seleção informada de produtos e decisões de consumo”, concluíram os autores do estudo.

Este não é o primeiro estudo a identificar os benefícios relativos de produtos de maconha mais diversos. Um estudo de 2018 descobriu que os pacientes que sofrem de epilepsia apresentam melhores resultados de saúde – com menos efeitos secundários adversos – quando utilizam extratos de CBD à base de plantas em comparação com produtos de CBD “purificados” (isolados ou sintéticos).

Referência de texto: Marijuana Moment

A maconha trata a neuropatia tão bem quanto os opioides e a maioria dos pacientes relata o uso de plantas com alto teor de THC, diz nova pesquisa

A maconha trata a neuropatia tão bem quanto os opioides e a maioria dos pacientes relata o uso de plantas com alto teor de THC, diz nova pesquisa

A neuropatia é uma doença que atinge o funcionamento dos nervos periféricos, podendo afetar tanto a parte de sensibilidade quanto a motricidade. De acordo com os resultados de uma nova pesquisa, a maconha é tão eficaz no tratamento dos sintomas da neuropatia quanto os opioides. E mais, a maioria dos pacientes com esta condição, muitas vezes dolorosa, afirma estar a consumir cannabis com mais de 20% de THC, levantando questões sobre a qualidade de estudos anteriores que se baseavam em plantas cultivadas pelo governo dos EUA (país onde foi realizado o estudo), que geralmente tem uma potência mais baixa.

A empresa NuggMD, de Nova York, entrevistou 603 pacientes que disseram que a neuropatia era a razão primária ou secundária para o uso de maconha. Como um dos sintomas mais comuns da neuropatia é a dor, os pacientes primeiro avaliaram seus níveis de dor em uma escala de 1 a 10, antes e depois de usar cannabis como tratamento.

Os resultados mostraram claros sinais de alívio. “O nível médio de dor antes do uso de cannabis foi de 7,64, enquanto o nível médio de dor após o uso de cannabis foi de 3,44”, concluiu o estudo. Isso equivale a “um nível médio de alívio da dor de 4,2 em 10 para os participantes”.

Isso é aproximadamente o mesmo ou um nível de alívio ainda maior do que o normalmente observado em tratamentos convencionais, como opioides prescritos, de acordo com pesquisas anteriores. Um ensaio randomizado de 2017, por exemplo, descobriu que pacientes com neuropatia avaliaram os efeitos de alívio da dor da oxicodona e do paracetamol em 4,4, do ibuprofeno e do paracetamol em 4,3, da codeína e do paracetamol em 3,9 e da hidrocodona e paracetamol em 3,5.

No entanto, como aponta a nova pesquisa, apenas dez estados listam explicitamente a neuropatia como uma condição qualificada para o uso medicinal da maconha.

Além disso, os investigadores enfatizaram que, embora “o aumento da dosagem de canabinoides não conduzisse necessariamente a um alívio mais eficaz”, os pacientes eram geralmente recomendados – e beneficiados – de cannabis de maior potência, com mais de 20% de THC. Isso poderia ajudar a explicar por que estudos anteriores sobre maconha e neuropatia que se baseavam em cannabis com baixo teor de THC não corresponderam exatamente às descobertas da empresa.

“Os resultados da nossa pesquisa demonstraram que os indivíduos que usam cannabis com alto teor de THC encontraram um alívio mais significativo da dor para sua neuropatia”, disseram os autores do estudo, acrescentando que “grande parte da pesquisa sobre cannabis como tratamento para a neuropatia usa cannabis de baixa qualidade com baixos níveis de THC, concentra-se no CBD ou usa compostos isolados e não produtos de espectro completo”.

Dos entrevistados, a maioria dos pacientes com neuropatia (58,6%) relataram o uso de flor de maconha com teor superior a 20% de THC. Proporções menores usaram concentrados (26,3%), que normalmente contêm percentagens muito mais elevadas do canabinoide intoxicante, bem como flores com menos de 20% de THC (11,1%) e produtos não inaláveis (3,9%).

Por outras palavras, a maioria dos pacientes que descreveram a maconha como um tratamento eficaz utilizavam produtos de maior potência, que são comuns em muitos mercados legais estaduais no país e significativamente mais potentes do que a erva cultivada pelo governo e utilizada para fins de investigação.

“De acordo com a nossa pesquisa, a variável mais constante foi o uso de cannabis de alta potência com um teor de THC de 20% ou mais”, escrevem os autores do novo relatório. “É importante observar esta descoberta porque grande parte da pesquisa sobre a eficácia da cannabis para a dor normalmente envolve produtos de cannabis com potência inferior a 20% de THC. Esses estudos de pesquisa geralmente resultam em alegações de que o THC é ineficaz no alívio da dor”.

Durante décadas, pesquisas sobre maconha aprovadas pelo governo dos EUA exigiram que os cientistas usassem exclusivamente cannabis cultivada em uma única fazenda autorizada pela Drug Enforcement Administration (DEA). Os especialistas há muito criticam a qualidade dessa maconha de “grau de pesquisa”. Um estudo descobriu que o perfil químico da cannabis do governo era mais semelhante ao do cânhamo industrial do que o da maconha disponível nos mercados comerciais.

Esse monopólio do cultivo de maconha para pesquisa foi recentemente quebrado quando a DEA aprovou fabricantes adicionais para cultivar uma gama mais diversificada de variedades de cannabis. Mas as conclusões do novo inquérito sugerem que pesquisas anteriores sobre a eficácia da maconha na neuropatia podem ter sido comprometidas como resultado do uso exclusivo de produtos com baixo teor de THC.

“Esses produtos frequentemente usados ​​em pesquisas não são representativos do que os pacientes de cannabis estão obtendo nos mercados (de uso adulto e medicinal)”, disseram os autores.

Os legisladores do Congresso levantaram preocupações sobre a falta de acesso dos cientistas à maconha, o que reflete o que é vendido em dispensários licenciados pelo estado. Várias tentativas de reformar a política avançaram em ambas as câmaras, mas ainda não foram aprovadas. E embora o presidente do país, Joe Biden, tenha assinado uma legislação no ano passado destinada a agilizar o processo de investigação da maconha, as disposições da versão da Câmara da medida que teriam permitido aos cientistas obter cannabis para investigação não foram incluídas no projeto de lei final.

A diretora do Instituto Nacional de Abuso de Drogas (NIDA), Nora Volkow, também disse que a restrição – além do fato de a maconha ser classificada como uma droga de Classe I sob a Lei de Substâncias Controladas (CSA) no país – frustrou a pesquisa sobre os riscos e benefícios de maconha.

Os resultados do novo estudo– que ressalva que “não fornece evidências causais de que a cannabis seja eficaz no tratamento da dor neuropática” – também revelam quão fortemente os pacientes preferem a maconha a vários tratamentos alternativos.

Questionados sobre qual opção usariam se não tivessem acesso à maconha, mais entrevistados disseram que não tomariam nada e tolerariam os sintomas (128) em vez de usar opioides (112). Outros 36 pacientes disseram que usariam álcool, embora o consumo de álcool às vezes esteja associado à neuropatia.

“A neuropatia é uma condição crônica que necessita de tratamento de longo prazo”, disse o diretor médico da NuggMD, Brian Kessler, em um comunicado. “Ouço falar de muitos pacientes que estão preocupados com o risco de efeitos colaterais graves e dependência ao usar opioides e medicamentos como a gabapentina por longos períodos de tempo. Para muitos pacientes, a maconha oferece uma alternativa mais segura que melhora sua qualidade de vida”.

A pesquisa se soma ao crescente corpo de literatura científica que identifica os benefícios da cannabis como alternativa aos produtos farmacêuticos tradicionais.

Por exemplo, um estudo separado publicado no mês passado mostrou que o uso de maconha está associado à melhoria da qualidade de vida – incluindo melhor desempenho no trabalho, sono, apetite e energia.

Outro, da Universidade do Colorado, descobriu que o uso consistente de cannabis está associado à melhoria da cognição e à redução da dor entre pacientes com câncer e pessoas que recebem quimioterapia.

Um estudo publicado no International Journal of Drug Policy este mês descobriu que os estados que legalizaram a maconha tiveram reduções significativas nos prêmios de seguro saúde em comparação com estados onde a cannabis permaneceu completamente ilegal.

Referência de texto: Marijuana Moment

Delta-8 THC: coisas que você precisa saber, mas nenhuma empresa te conta

Delta-8 THC: coisas que você precisa saber, mas nenhuma empresa te conta

“Já pensou em fumar maconha legalmente no Brasil?”, “Quer receber suas flores em casa?”. Você já deve ter visto algumas publicidades assim rolando no seu feed. À primeira vista parece que tudo são flores, né? Mas não é bem assim.

Vemos uma crescente demanda de produtos Delta-8 produzidos nos EUA invadindo o Brasil, sendo, inclusive, anunciado por influenciadores e celebridades como uma forma “legalizada” de comprar e fumar maconha mesmo em um país ilegal. Mas existem coisas que não te contam sobre esses produtos e você precisa saber.

Delta-8 tetrahidrocanabinol, também conhecido como delta-8 THC ou apenas Delta-8, é uma substância encontrada na planta Cannabis sativa. Delta-8 THC é um dos mais de 100 canabinoides produzidos naturalmente pela planta, mas não é encontrado em quantidades significativas. Como resultado, quantidades concentradas de delta-8 THC são normalmente produzidas (sintetizadas) a partir do canabidiol (CBD).

É importante que os consumidores estejam cientes de que os produtos delta-8 THC não foram avaliados ou aprovados, inclusive pela FDA (órgão fiscalizador dos EUA, país que está produzindo delta-8 em massa), para uso seguro em qualquer contexto. Eles podem ser comercializados de forma a colocar em risco a saúde pública e devem ser mantidos fora do alcance de crianças e animais de estimação.

No post de hoje, com base em pesquisas da FDA, vamos citar algumas coisas que você precisa saber sobre o delta-8 THC para manter você e aqueles de quem você cuida protegidos de produtos que podem representar sérios riscos à saúde:

1 – Os produtos Delta-8 THC não foram avaliados ou aprovados pela FDA (Food and Drug Administration) para uso seguro e podem ser comercializados de forma a colocar a saúde pública em risco.

A FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) está ciente das crescentes preocupações em torno dos produtos delta-8 THC atualmente vendidos on-line e nas lojas. Esses produtos não foram avaliados ou aprovados pelo órgão para uso seguro em nenhum contexto. Algumas preocupações incluem a variabilidade nas formulações e rotulagem do produto, conteúdo de outros canabinoides e terpenos e concentrações variáveis ​​de delta-8 THC. Além disso, alguns desses produtos podem ser rotulados simplesmente como “produtos de cânhamo/hemp”, o que pode enganar os consumidores que associam “cânhamo” a “não intoxicante”. Além disso, a FDA está preocupada com a proliferação de produtos que contêm delta-8 THC e são comercializados para usos terapêuticos ou médicos, embora não tenham sido aprovados pela agência. A venda de produtos não aprovados com alegações terapêuticas infundadas não é apenas uma violação da lei, mas também pode colocar os consumidores em risco, pois não foi comprovado que esses produtos são seguros ou eficazes. Esse marketing enganoso de tratamentos não comprovados levanta preocupações significativas de saúde pública porque pacientes e outros consumidores podem usá-los em vez de terapias aprovadas para tratar doenças graves e até fatais.

2 – A FDA recebeu relatórios de eventos adversos envolvendo produtos contendo delta-8.

A FDA recebeu 104 relatórios de eventos adversos em pacientes que consumiram produtos delta-8 THC entre 1º de dezembro de 2020 e 28 de fevereiro de 2022. Desses 104 relatórios de eventos adversos:

– 77% envolveram adultos, 8% envolveram pacientes pediátricos menores de 18 anos e 15% não informaram a idade.

– 55% necessitaram de intervenção (por exemplo, avaliação por serviços médicos de emergência) ou internação hospitalar.

– 66% descreveram eventos adversos após a ingestão de produtos alimentícios contendo delta-8 THC (por exemplo, brownies, gomas).

– Os eventos adversos incluíram, mas não se limitaram a: alucinações, vômitos, tremores, ansiedade, tontura, confusão e perda de consciência.

Os centros nacionais de controle de envenenamento dos EUA receberam 2.362 casos de exposição de produtos delta-8 THC entre 1º de janeiro de 2021 (ou seja, data em que o código do produto delta-8 THC foi adicionado ao banco de dados) e 28 de fevereiro de 2022. Dos 2.362 casos de exposição:

– 58% envolveram adultos, 41% envolveram pacientes pediátricos menores de 18 anos e 1% não informou a idade.

– 40% envolveram exposição não intencional ao delta-8 e 82% dessas exposições não intencionais afetaram pacientes pediátricos.

– 70% exigiram avaliação do estabelecimento de saúde, dos quais 8% resultaram em internação em unidade de terapia intensiva; 45% dos pacientes que necessitaram de avaliação do serviço de saúde eram pacientes pediátricos.

– Um caso pediátrico foi atestado como óbito.

3 – Delta-8 THC tem efeitos psicoativos e intoxicantes.

O Delta-8 THC tem efeitos psicoativos e intoxicantes, semelhantes ao delta-9 THC (ou seja, o componente responsável pela “onda” que as pessoas podem experimentar ao usar cannabis). A FDA está ciente dos relatos da mídia sobre produtos delta-8 que deixam os consumidores “chapados”. A FDA também está preocupada com o fato de que os produtos delta-8 provavelmente expõem os consumidores a níveis muito mais altos da substância do que os que ocorrem naturalmente nos extratos brutos de maconha. Assim, não se pode confiar no uso histórico de cannabis para estabelecer um nível de segurança para esses produtos em humanos.

4 – Os produtos Delta-8 geralmente envolvem o uso de produtos químicos potencialmente nocivos para criar as concentrações reivindicadas no mercado.

A quantidade natural de delta-8 THC na cannabis é muito baixa e são necessários produtos químicos adicionais para converter outros canabinoides, como o CBD, em delta-8 (ou seja, conversão sintética). As preocupações com este processo incluem:

– Alguns fabricantes podem usar produtos químicos domésticos potencialmente inseguros para produzir delta-8 por meio desse processo de síntese química. Produtos químicos adicionais podem ser usados ​​para alterar a cor do produto final. O produto delta-8 final pode ter subprodutos potencialmente nocivos (contaminantes) devido aos produtos químicos usados ​​no processo, e há incerteza com relação a outros contaminantes potenciais que podem estar presentes ou produzidos dependendo da composição da matéria-prima inicial. Se consumidos ou inalados, esses produtos químicos, incluindo alguns usados ​​para produzir (sintetizar) delta-8 e os subprodutos criados durante a síntese, podem ser prejudiciais.

A fabricação de produtos delta-8 pode ocorrer em ambientes não controlados ou insalubres, o que pode levar à presença de contaminantes inseguros ou outras substâncias potencialmente nocivas.

5 – Os produtos Delta-8 devem ser mantidos fora do alcance de crianças e animais de estimação.

Alguns fabricantes nos EUA estão embalando e rotulando esses produtos de maneiras que possam atrair as crianças (gomas, chocolates, biscoitos, balas, etc.). Esses produtos podem ser adquiridos online, bem como em uma variedade de varejistas, onde pode não haver limite de idade para quem pode comprar esses produtos. Conforme discutido acima, houve vários alertas do centro de controle de envenenamento envolvendo pacientes pediátricos que foram expostos a produtos contendo delta-8. Além disso, os centros de controle de envenenamento animal indicaram um aumento geral acentuado na exposição acidental de animais de estimação a esses produtos. Mantenha esses produtos fora do alcance de crianças e animais de estimação.

Por que a FDA está notificando o público sobre o delta-8?

Uma combinação de fatores levou a agência norte-americana a fornecer essas informações aos consumidores. Esses fatores incluem:

– Um aumento nos relatórios de eventos adversos ao FDA e aos centros de controle de envenenamento do país.

– Marketing, incluindo marketing online de produtos, atraente para crianças.

– Preocupações em relação à contaminação devido a métodos de fabricação que podem ser usados ​​para produzir produtos comercializados com delta-8.

A FDA está trabalhando com parceiros federais e estaduais para abordar ainda mais as preocupações relacionadas a esses produtos e monitorar o mercado dos EUA em busca de reclamações de produtos, eventos adversos e outros produtos emergentes derivados da cannabis de possível preocupação. A FDA diz que alertará os consumidores sobre questões de saúde e segurança pública e tomará medidas, quando necessário, quando os produtos regulamentados pela FDA violarem a lei.

Referência de texto: U.S. Food and Drug Administration

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