O governo atual da Colômbia colocou a saúde pública, a prevenção e a redução de danos no centro de uma nova política regional.
O país está passando por uma profunda transformação em sua política de drogas, adotando um modelo que rompe com a lógica punitiva herdada da “guerra às drogas”. Embora ainda em construção, essa nova estratégia posiciona o país sul-americano como referência regional na busca por uma abordagem mais abrangente.
O modelo foi promovido pelo Ministério da Justiça, pelo Ministério da Saúde e pela Diretoria de Política de Drogas. Um roteiro busca priorizar o cuidado em vez da punição. Esta estratégia reconhece um fato essencial: o uso de substâncias psicoativas existe e continuará existindo, com ou sem proibição.
Uma das mudanças mais significativas é o abandono gradual da erradicação forçada, uma prática historicamente violenta e custosa que afetou comunidades rurais sem abordar os problemas estruturais ligados ao cultivo de coca. Em vez de criminalizar quem planta, a nova estratégia promove alternativas econômicas, desenvolvimento rural abrangente e participação da comunidade na tomada de decisões.
Essa visão também foi ecoada em fóruns internacionais. Em fóruns como a Comissão de Narcóticos da ONU e a CELAC, a Colômbia defendeu uma nova narrativa global sobre drogas, destacando a necessidade de revisar os tratados internacionais. Embora a proposta tenha sido recebida com interesse, ela ainda enfrenta resistência tanto interna quanto externa.
A pedra angular do novo modelo é a abordagem de redução de danos. Programas para distribuição de kits de uso seguro, educação sobre consumo informado e prestação de serviços a consumidores vulneráveis são algumas das iniciativas já em andamento em cidades como Bogotá e Medellín.
O governo também anunciou seu interesse em regulamentar o mercado de maconha para uso adulto, além de abrir o debate sobre outras substâncias. Não se trata de uma legalização acelerada, mas sim de um processo gradual e baseado em evidências que prioriza a saúde pública, com a participação ativa da sociedade civil e de organizações especializadas como atores-chave nessa reformulação institucional.
Referência de texto: Cáñamo
Comentários