Se você está interessado em criar sua própria variedade de maconha, mas fica confuso com o jargão científico, o post de hoje é para você. Você vai aprender tudo o que você precisa saber sobre o autocultivo de maconha e como preservar aquela genética especial que você só pode reproduzir por meio de clones.
POR QUE ENTRAR NO MUNDO DA CRIAÇÃO E DA GENÉTICA DA MACONHA?
Criar uma variedade e preservar a linhagem através de sementes não é território exclusivo de especialistas. Os cultivadores domésticos que acumularam grande conhecimento e habilidades de cultivo, dominando técnicas essenciais, podem fazer facilmente a transição de cultivador para criador (breeder). A criação de novas variedades é totalmente viável. A maioria das variedades de cannabis que hoje consideramos clássicas foram criadas por cultivadores domésticos. Às vezes até por acidente.
Embora possa parecer impossível construir seu próprio banco de sementes no armário de cultivo do seu quarto, a criação em pequena escala é uma opção viável. Simplesmente uma boa experiência de cultivo será suficiente.
O tempo gasto em seu local de cultivo já lhe dará uma visão aguçada para detectar fenótipos interessantes.
COMO PRESERVAR UMA GENÉTICA PRECIOSA DA MACONHA
CLONES
Tirar clones de plantas de maconha é uma ótima maneira de preservar uma variedade. Por vezes, em lugares legalizados, as variedades mais valorizadas só estão disponíveis em formato de corte, e o cultivador não tem outra escolha senão continuar a plantar mudas para preservar os seus genes.
A clonagem é uma habilidade que você pode aprender facilmente e é fundamental para os criadores. Para iniciar a criação você deve ter obtido previamente resultados positivos em seus cultivos.
AUTOFECUNDAÇÃO
As sementes F1 só podem ser obtidas de uma planta feminina de maconha. Essas sementes contêm apenas a informação genética da mãe. Para conseguir isso, o cultivador deve inverter o sexo da planta feminina para produzir flores masculinas e induzir a autopolinização.
A maioria dos cultivadores domésticos terá que estressar propositalmente a planta para produzir flores masculinas e dar sementes. A autofecundação é geralmente aplicada a variedades de maconha obtidas exclusivamente a partir de estacas, para convertê-las em sementes F1. Além disso, todas as sementes resultantes serão feminizadas.
OPÇÕES DE CRIAÇÃO EM PEQUENA ESCALA
CRIAÇÃO NO MESMO CULTIVO
Bem, digamos que você esteja satisfeito com uma quantidade de sementes regulares de maconha. Você pode estar interessado em usar os machos, então considere cruzar plantas do mesmo cultivo. Contanto que você conheça bem a variedade e esteja cultivando a partir da mesma linhagem, você pode selecionar um macho e uma fêmea para reprodução.
Este é um método da velha escola aplicado principalmente no cultivo ao ar livre (outdoor). Porém, cruzamentos do mesmo cultivo também podem ser feitos em ambientes internos, o que permite maior controle sobre a polinização. Se tudo correr bem, a prole resultante será mais ou menos estável e você não precisará comprar sementes no próximo cultivo.
Antes de continuar com seus experimentos, seria interessante praticar primeiro a coleta de pólen e a obtenção de sementes. A reprodução a partir de um cultivo estável é uma boa introdução à criação de variedades.
CRUZAMENTOS POLI-HÍBRIDOS
Um poli-híbrido é simplesmente uma variedade resultante do cruzamento entre duas variedades diferentes. Quando diferentes genéticas de raças locais são cruzadas, um híbrido é obtido (que é um termo usado para se referir à prole derivada do cruzamento de duas fontes diferentes).
Porém, se um híbrido for cruzado com outra variedade de linha genética diferente, será produzido um poli-híbrido. Os híbridos já possuem características genéticas diferentes herdadas de ambas as variedades parentais, o que significa que os poli-híbridos possuem características ainda mais variadas e imprevisíveis. A criação de poli-híbridos é um excelente método de melhoramento porque permite combinar as características únicas de uma grande variedade de plantas. Embora, como você pode imaginar, essas variedades sejam bastante instáveis e heterozigotas. Estabilizar essas variedades e garantir que suas mudas fiquem mais uniformes é uma tarefa muito trabalhosa.
COMO CRIAR POLI-HÍBRIDOS EM CASA
Para isso é necessário muito espaço e um número considerável de plantas. São necessárias uma área de viveiro e uma área de propagação, além de áreas diferentes para espécimes masculinos e femininos, para evitar a ocorrência de polinização cruzada. Se você deseja criar poli-híbridos por várias gerações a partir de quatro variedades diferentes, precisará de ainda mais espaço. Se quiser realizar esse processo, você terá que aprender a polinizar suas flores corretamente.
Como você está pensando em criar, provavelmente já conhece a seguinte regra, mas é sempre bom lembrá-la: manter as plantas machos afastadas das fêmeas. Isto é especialmente importante quando se deseja criar um poli-híbrido, devido ao aumento da chance de cruzar as variedades erradas.
Em primeiro lugar, você deve coletar o pólen das plantas masculinas no momento certo. O pólen é o esperma das plantas e é necessário para fecundar as flores femininas e produzir sementes. Quando os sacos de pólen se abrirem, coloque um saco sobre a planta e sacuda-o.
As plantas femininas estão prontas para reprodução durante a fase inicial de floração, quando pequenos pistilos brancos começam a se formar. Essas estruturas “pré-flores” são basicamente pequenos fios de cabelo que se projetam do cálice para reter o pólen. A seguir, isole a planta fêmea escolhida para evitar polinização indesejada. Considere montar uma área de polinização para evitar contratempos.
Para polinizar as plantas femininas, coloque o saco de pólen nos galhos que estão formando buds. Feche o saco sobre cada galho e agite novamente. Deixe ali por 1 hora e repita o processo com todos os galhos que produzem buds. Ou simplesmente utilize um pincel, passe no pólen e consequentemente nos buds.
É muito importante registrar tudo o que você faz ao cultivar cannabis, especialmente durante o processo de criação de variedades poli-híbridas. É muito fácil misturar genes e perder a noção de qual macho cruzou com qual fêmea e qual é a variedade de cada uma delas. É melhor rotular cada planta individualmente, para que possam ser facilmente identificadas. Também é uma boa ideia criar uma planilha ou desenhar um fluxograma em um quadro branco para acompanhar todos os cruzamentos que você fez com cada planta individual. Escreva a data ao lado de cada tarefa para ajudá-lo a estimar os tempos de espera com mais precisão.
RETROCRUZAMENTO
Você já cultivou a mesma variedade de maconha várias vezes e percebeu que ela parece diferente cada vez que você a cultiva? Pode até ter um sabor um pouco mais doce ou mais amargo do que da última vez. Ou talvez você tenha cultivado a mesma variedade repetidamente e as plantas obtidas sejam diferentes? Essas diferenças dentro da mesma variedade são conhecidas como variabilidade genética. Embora as plantas venham da mesma linhagem, a sua expressão genética, ou fenótipo, é o resultado da forma como os seus genes respondem ao ambiente.
As diferenças de fenótipos se manifestam em diferentes tamanhos, produção de resina, cores, etc. As variedades de maconha também possuem quimiotipos diferentes, ou seja, os compostos químicos que produzem. Uma planta pode ter um nível mais elevado de certos terpenos, enquanto outra pode ter um teor de canabinoides ligeiramente mais elevado. Se você germinou um saco de sementes da mesma linhagem e notou uma grande diferença entre os fenótipos de cada planta, isso significa que a variedade é instável e as sementes são heterozigotas. Embora isto não seja necessariamente um problema para os amadores, pode ser problemático para os cultivadores avançados que procuram consistência nas suas colheitas.
Essa consistência pode ser alcançada estabilizando a genética de uma variedade, que produzirá sementes mais homozigotas, com muito menos variabilidade entre seus fenótipos. Mas como uma variedade é estabilizada?
A principal forma de conseguir isso é através da autofecundação ao longo de várias gerações. No entanto, outra forma comum de fazer isso é através do retrocruzamento, também conhecido como “BX” no léxico do cultivo da maconha. Quando os criadores desejam criar uma nova variedade, eles selecionam duas variedades parentais com características desejáveis. Ao cruzá-los, é produzida a primeira geração. O retrocruzamento envolve pegar um membro desta geração e cruzá-lo com uma de suas variedades parentais. Esta técnica de melhoramento ajuda a fixar a presença de um ou mais genes de uma das variedades parentais no background genético da outra, cruzando-os repetidamente entre si.
Por exemplo, se a variedade parental feminina for especialmente rica em THC ou CBD, ao cruzá-la com um dos seus descendentes masculinos que também partilha esta característica, as plantas da próxima geração terão esta característica reforçada. Isso ocorre porque eles conterão mais material genético da planta-mãe do que da planta-pai original.
Embora o retrocruzamento seja um método experimentado e testado para estabilizar a genética da maconha, o retrocruzamento excessivo pode causar problemas. Ao cruzar a genética tantas vezes, quaisquer genes recessivos que produzam características indesejadas também serão reforçados e transmitidos a todas as plantas nas gerações subsequentes.
Como você pode ver, existem algumas maneiras de preservar suas variedades favoritas e transformá-las em novas variedades por conta própria. Este guia tem como objetivo fornecer uma visão geral para começar, antes de mergulhar nos aspectos mais complicados do assunto. Bom cultivo!
Para comemorar 30 anos de estrada, a banda Planet Hemp fez um show especial no dia 11 de julho, no Espaço Unimed, em São Paulo, que foi gravado e agora está disponível para todos os fãs da ex-quadrilha da fumaça!
Pudemos acompanhar de perto, vivenciar e poder confirmar, “Baseado em Fatos Reais: 30 Anos de Fumaça” foi histórico, além da atual formação da banda com BNegão e Marcelo D2 (vocal), Formigão (baixo), Pedro Garcia (bateria), Nobru (guitarra), Renato Venom (DJ) e Daniel Ganjaman (teclado/guitarra), o show contou com participações especiais de Black Alien, Pitty, BaianaSystem, Zegon (Tropkillaz), Seu Jorge, Mike Muir (Suicidal Tendencies), Kamau, Emicida, Rodrigo Lima (Dead Fish), Major RD, As Mercenárias e outros parceiros da banda.
Antes da gravação, BNegão conversou com o DaBoa Brasil:
“Esse show de 30 anos tá uma viagem, literalmente, em todos os sentidos. A gente, a princípio, pensou de fazer um disco ao vivo pra registrar as músicas do Jardineiros e fazer alguma coisa diferente, algumas antigas, e depois veio essa ideia de trazer um pessoal pra participar.
E aí, isso virou outro esquema, virou outro mundo, o show. Então, pensar, conectar, trazer as pessoas que fazem parte da nossa caminhada, ou como influências, no caso, As Mercenárias, como Mike Muir, do Suicidal Tendencies, ou como gente contemporânea, ou como, tipo, Gustavo (Black Alien), Seu Jorge, Zegon, que fazem parte da nossa história, a galera que veio depois, que tem influência do Planet, como o Emicida, o Baiana System, a Pitty, nossa irmã das antigas, da época do Inkoma, que o Planet era do começo dos anos 90, ela era do final dos 90. O Rodrigo (Deadfish) também, que é um irmão, também da mesma geração da Pitty, né, que é uma galera mais nova, mas logo depois do Planet também, que a gente trombou na estrada esse tempo todo, enfim, e por aí vai, e vai ser uma onda foda mesmo. Vai ser demais!”, disse BNegão.
Ouça “Baseado em Fatos Reais: 30 Anos de Fumaça” em todas as plataformas digitais ou assista no canal da banda no YouTube.
Baseado em Fatos Reais: 30 Anos de Fumaça – Ficha Técnica:
Direção Executiva: Marcos Passarini
Direção Geral: Tito Sabatini
Produção Executiva: Flavia Confli
Lighting Designer: Paulinho Lebrão
Direção de Produção: Marieta Scatimburgo
Coordenação de Projeto: Robson Adriano
Direção Técnica de Vídeo: Gabriel Braga
Direção de Fotografia: André Batista
DTV: Daniel dos Santos
Engenharia de Áudio: Fernando Sanches, André Kbelo
Mixagem: Fernando Sanches, Pedro Garcia, Daniel Ganjaman
Master de Áudio: Estúdio El Rocha
Edição: Guilherme Bechara
Finalização: Guilherme Falótico
Colorização: Petronio Neto
Assistência de Direção: Julia Ro, Gui Conti
Uma pesquisa publicada recentemente que combina uma revisão da literatura acadêmica com uma pesquisa com estudantes universitários conclui que a maconha é provavelmente uma ferramenta eficaz na redução de danos causados pelo transtorno do uso de opioides, ao mesmo tempo em que observa que “as percepções e o conhecimento variam”.
“Após uma revisão da literatura, é razoável concluir que a cannabis tem alguma eficácia no cenário de manutenção de opiáceos, bem como outros usos terapêuticos”, diz o novo artigo. À luz das preocupações públicas sobre overdoses de opioides nos EUA (local do estudo) e a possibilidade de a maconha ser reclassificada, ele acrescenta, “há uma possibilidade distinta de que o uso de maconha em modelos de redução de danos aumentará”.
A revisão primeiro analisa as evidências disponíveis sobre o uso da maconha como um substituto para opioides e outras drogas, observando que pelo menos alguns estudos indicaram que os canabinoides podem ajudar a reduzir os desejos relacionados a opioides e os sintomas de abstinência. Ela também aponta para dados autorrelatados sugerindo que algumas pessoas já estão reduzindo o uso de opioides em favor da maconha.
“Pesquisas atuais sugerem que a cannabis tem um grande potencial para redução de danos relacionados a opiáceos e terapias substitutivas”, diz o estudo, que é uma tese de mestrado da Augsburg University, em Minneapolis, pelo autor Clark Furlong. “Foi demonstrado que a cannabis melhora os efeitos analgésicos opioides enquanto reduz a tolerância e a dependência do paciente. Há pesquisas bem documentadas sobre a eficácia da cannabis para a substituição de drogas ilícitas (opiáceos) e produtos farmacêuticos (opioides). Em modelos animais, os canabinoides demonstraram reduzir os efeitos da abstinência de opiáceos (e, de forma anedótica, em humanos)”.
“Como tal”, continua, “a cannabis pode ter o potencial de diminuir resultados adversos e reduzir o comportamento de busca de drogas em pacientes que lutam contra o vício em opiáceos”.
“Há um forte conjunto de evidências que apoiam a teoria de que a cannabis pode ser eficaz em cenários de redução de danos relacionados a opiáceos”.
O artigo reconhece que o uso de maconha carrega seus próprios riscos, mas também observa que esses riscos são complicados e, muitas vezes, específicos do paciente. Por exemplo, ele diz que algumas pessoas podem usar cannabis para controlar a depressão, enquanto “o uso de cannabis pode preceder a depressão em outras”.
“Portanto, precisamos aprender sobre a droga e suas nuances”, continua Furlong, observando que “claramente mais pesquisas são necessárias” para entender como a substância pode ser “benéfica” para alguns, mas “incrivelmente prejudicial” para outros.
No geral, porém, o artigo observa que os riscos associados à cannabis são muito menos graves do que aqueles associados aos opioides.
“A cannabis pode ter alguns danos associados a ela, no entanto, parece haver muito menos do que com o uso de opiáceos”, diz. “Portanto, é possível que a cannabis possa melhorar vidas e fornecer melhores resultados quando comparada ao modelo atual de terapia de substituição/manutenção de opiáceos”.
Apesar de anos de mortes recordes relacionadas a opioides, “o tratamento não mudou”, afirma o estudo, “nem houve muito esforço em avanço farmacológico com intervenções de dependência de opioides. Até mesmo viciados em opioides em tratamento enfrentam uma taxa de mortalidade 12 vezes maior do que a do público médio”.
Enquanto isso, a metadona, um medicamento usado em alguns tratamentos assistidos com medicamentos para transtorno de uso de opioides, geralmente tem efeitos colaterais como “dificuldades de sono, problemas com desempenho sexual e incidentes cardiovasculares”, diz.
O artigo afirma que muitas pessoas deveriam ser “desintoxicadas e reduzir o uso do medicamento, que é como ele foi projetado para ser usado em programas de manutenção”, mas que pesquisadores e formuladores de políticas “ignoram eventos adversos e efeitos colaterais” do uso prolongado de metadona devido às “melhorias relatadas na qualidade de vida” dos indivíduos.
Os resultados da parte da pesquisa do novo artigo geralmente mostram apoio à noção de que a maconha pode ser uma ferramenta promissora para controlar o transtorno do uso de opioides.
Mais de 70% dos entrevistados disseram acreditar que há mais danos associados ao uso de opiáceos do que à maconha, e parcelas semelhantes disseram que a cannabis pode ser usada para controlar a dor e também para controlar os sintomas de abstinência de opiáceos.
Cerca de 65%, entretanto, disseram que conheceram alguém no ano anterior que usou maconha “para fins medicinais ‘não aprovados’”.
Notavelmente, cerca de dois terços dos entrevistados responderam que acreditam que a maconha tem um efeito positivo na saúde mental, mas dois terços também disseram que acreditam que a cannabis tem um efeito negativo na saúde mental.
No geral, 8 em cada 10 entrevistados também disseram acreditar que a cannabis deveria ser legalizada.
“Tendências na literatura sugerem que a cannabis tem um perfil de efeitos colaterais melhor e efeitos de saúde de longo prazo menos severos do que os opiáceos”, diz o estudo. “A maioria dos participantes sentiu como se mais danos estivessem associados aos opiáceos, este foi um ímpeto deste estudo e os resultados da pesquisa refletem as conclusões da literatura”.
“Foi demonstrado que a maconha reduz a dor e há evidências crescentes de uma relação simbiótica entre receptores de cannabis e receptores de opiáceos”, continua. “A população estudantil parece ser educada sobre o uso da cannabis em um cenário de dor, isso reflete a literatura, pois tem muitas aplicações em cenários de câncer, dor crônica e até mesmo cuidados paliativos”.
Por enquanto, Furlong reconhece que os estudos sobre maconha e opioides são “pequenos e frequentemente realizados com muitas limitações”, mas diz que “os pesquisadores acreditam que haverá uma explosão de dados nos próximos anos com a mudança na percepção pública da cannabis e o potencial reagendamento da planta no nível federal”.
“No entanto, a eficácia comprovada da cannabis no controle da dor e do câncer, juntamente com seus outros usos/benefícios e perfil de efeitos colaterais bastante seguro, fazem dela uma excelente candidata para exploração posterior em pesquisas sobre substituição de vícios”, diz o artigo.
O estudo foi publicado poucos meses depois de um estudo separado, financiado pelo governo dos EUA, ter descoberto que a maconha ajuda pessoas com transtornos por uso de substâncias a ficarem longe de opioides ou a reduzir seu uso, manter o tratamento e controlar os sintomas de abstinência.
Pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia decidiram investigar a relação entre o consumo de maconha e a injeção de opioides, recrutando 30 pessoas em Los Angeles em um local comunitário próximo a um programa de troca de seringas e uma clínica de metadona para analisar a relação.
“Os participantes relataram o uso de substituição ou co-uso de cannabis para controlar a dor dos sintomas de abstinência, como dores no corpo e desconforto generalizado, o que levou à diminuição da frequência de injeções de opioides”, descobriram os pesquisadores.
O estudo, publicado pelo periódico Drug and Alcohol Dependence Reports, foi parcialmente financiado pelo Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA) dos EUA e respalda um conjunto considerável de literatura científica que indica que o acesso à maconha pode compensar os danos da epidemia de opioides, seja ajudando as pessoas a limitar o uso ou dando-lhes uma saída completa.
Outro estudo recente realizado em Ohio descobriu que a grande maioria dos pacientes que fazem uso de maconha no estado afirma que a cannabis reduziu o uso de analgésicos opioides prescritos, bem como de outras drogas ilícitas.
Um relatório separado publicado recentemente no periódico BMJ Open comparou a maconha medicinal e os opioides para dor crônica não oncológica e descobriu que a cannabis “pode ser igualmente eficaz e resultar em menos interrupções do que os opioides”, potencialmente oferecendo alívio comparável com menor probabilidade de efeitos adversos.
Um estudo também financiado pelo governo do país norte-americano publicado em maio concluiu que até mesmo alguns terpenos de cannabis podem ter efeitos analgésicos. Essa pesquisa descobriu que uma dose injetada dos compostos produziu uma redução “aproximadamente igual” nos marcadores de dor em camundongos quando comparada a uma dose menor de morfina. Os terpenos também pareceram aumentar a eficácia da morfina em camundongos quando os dois medicamentos foram administrados em combinação.
Outro estudo, publicado no final do ano passado, descobriu que a maconha e os opioides eram “igualmente eficazes” na redução da intensidade da dor, mas a cannabis também proporcionava um alívio mais “holístico”, como a melhora do sono, do foco e do bem-estar emocional.
Um estudo publicado no verão passado relacionou o uso de maconha a níveis mais baixos de dor e à redução da dependência de opioides e outros medicamentos prescritos. Outro, publicado pela American Medical Association (AMA) em fevereiro, descobriu que pacientes com dor crônica que receberam maconha por mais de um mês viram reduções significativas nos opioides prescritos.
Cerca de um em cada três pacientes com dor crônica nos EUA relatou usar cannabis como uma opção de tratamento, de acordo com outro relatório publicado pela AMA no ano passado. A maioria desse grupo disse que usava cannabis como um substituto para outros medicamentos para dor, incluindo opioides.
Enquanto isso, um artigo de pesquisa de 2022 que analisou dados do Medicaid sobre medicamentos prescritos descobriu que a legalização da maconha para uso adulto estava associada a “reduções significativas” no uso de medicamentos prescritos para o tratamento de múltiplas condições.
Poucos meses depois das autoridades alemãs começarem a aprovar os clubes sociais de maconha, que cultivam a erva em nome dos membros inscritos, o primeiro dos grupos anunciou sua distribuição inicial de maconha.
Enquanto isso, a cidade de Frankfurt está avançando com um programa piloto de cinco anos que tornará os produtos de maconha disponíveis para adultos de forma mais ampla, com a cidade de Hanford também buscando um plano semelhante.
Em abril, tornou-se legal na Alemanha que adultos possuam e cultivem maconha para uso pessoal, mas até agora não havia nenhum outro meio legal de obter a planta.
No Cannabis Social Club Ganderkesee, no município de Ganderkesee, o membro Michael Jaskulewicz foi o primeiro a receber alguns gramas de maconha, de acordo com uma reportagem do Weser Kurier no fim de semana.
“Estar aqui e pegá-la foi uma sensação absolutamente incrível”, ele disse. Jaskulewicz disse que comprou no mercado ilegal décadas atrás, mas parou depois de receber cannabis contaminada. “Depois disso, me senti muito sujo e pensei que não faria mais isso”.
O clube social foi autorizado a começar a cultivar maconha para os membros em julho, após a concessão de uma licença pela Ministra da Agricultura da Baixa Saxônia, Miriam Staudte.
Staudte disse na época que a emissão representava um “passo histórico para a proteção do consumidor e o cultivo controlado de maconha na Alemanha”.
Os clubes sociais são limitados a ter 500 membros cada e vender até 50 gramas de maconha por membro a cada mês.
Um porta-voz do comissário federal antidrogas da Alemanha disse que as autoridades não têm conhecimento de nenhum clube que tenha começado a colher maconha antes do Cannabis Social Club Ganderkesee, de acordo com o novo relatório do Weser Kurier, mas acrescentou que o escritório também não tem informações formais sobre as colheitas individuais dos clubes.
Daniel Keune, presidente do clube, disse que seus membros “vêm da classe média” e têm idades entre 18 e 70 anos.
Carmen Wegge, uma legisladora do Partido Social Democrata (SPD) disse no início deste ano que os clubes sociais de cannabis “são uma parte importante da luta contra o mercado ilegal”.
“Se você não tem um polegar particularmente verde”, ela disse, “um (clube) é certamente uma boa alternativa”.
Separadamente, os planos para um novo programa piloto em Frankfurt tornariam a maconha disponível para compra comercial para um grupo seleto de “várias milhares de pessoas”, de acordo com um relatório no Frankfurter Rundschau. As pessoas poderiam comprar até 25 gramas por dia, mas não mais do que 50 gramas por mês em quatro lojas espalhadas pela cidade, e os participantes do programa precisariam concordar em participar de pesquisas e exames supervisionados por especialistas médicos.
“Estamos prontos”, disse a ministra do Departamento Social e de Saúde de Frankfurt, Elke Voitl, membro do Partido Verde, que no final do mês passado assinou uma carta de intenções com o chefe do departamento de drogas da cidade, F. Artur Schroers.
O Frankfurter Rundschau relata que ainda não está claro em qual órgão do governo alemão o pedido da cidade deve ser aprovado.
Pessoas com problemas de saúde mental, grávidas ou amamentando, bem como menores de idade, serão impedidos de participar do programa, que terá duração de cinco anos.
O projeto supostamente tem apoio do Instituto de Pesquisa sobre Dependência Química da Universidade de Ciências Aplicadas de Frankfurt.
O artigo do Frankfurter Rundschau observa que uma investigação local descobriu que a maior parte da maconha no mercado ilícito está contaminada, inclusive com pesticidas, bactérias ou fezes.
“São necessárias fontes legais de fornecimento”, disse Voitl, “porque, caso contrário, as pessoas compram ilegalmente”.
O objetivo do programa é precificar a maconha legal de forma competitiva em comparação ao mercado ilegal, onde os organizadores dizem que os preços variam entre € 8 e € 10 por grama.
Enquanto isso, na cidade de Hanover, outro programa piloto de cinco anos disponibilizaria maconha em farmácias para cerca de 4.000 pessoas, de acordo com um relatório da publicação The Local.
O prefeito de Hanover, Belit Onay, disse que o programa tem como objetivo reconhecer as “realidades sociais” em torno do uso de maconha que já acontece na cidade e os riscos relacionados ao mercado ilícito.
A maconha estaria disponível por meio do programa planejado em algum momento do ano que vem, informou o portal The Local.
Autoridades disseram à publicação que estão interessadas em como o programa pode ajudar a garantir que a discussão em torno da maconha seja baseada em fatos.
“Nosso principal interesse são as descobertas científicas”, disse a chefe do departamento de assuntos sociais de Hanover, Sylvia Bruns. “Queremos nos afastar de suposições e debates ideológicos”.
“Os dados deste estudo podem formar uma base importante para moldar uma política de drogas voltada para o futuro”, acrescentou a professora Kirsten Müller-Vahl da Faculdade de Medicina de Hannover.
O uso pessoal, o cultivo e a disponibilidade limitada por meio de clubes sociais de cannabis são apenas o primeiro de um plano de legalização de duas partes na Alemanha. Defensores e partes interessadas ainda aguardam detalhes sobre o plano do governo para o segundo pilar da lei que deve fornecer um modelo de vendas comerciais mais amplo.
O Ministro da Saúde Karl Lauterbach, que liderou os esforços de legalização da maconha do governo, disse aos membros do Bundestag em dezembro passado que estão “atualmente examinando” o plano de vendas comerciais como parte do segundo pilar. Mas com a legalização em vigor, houve uma pressão crescente para acelerar esse processo.
Em junho, enquanto isso, os legisladores alemães aprovaram uma série de mudanças na lei de legalização da maconha do país, impondo restrições relacionadas à direção prejudicada e dando aos estados mais autoridade para definir limites para o cultivo de maconha dentro de suas fronteiras. As emendas foram o resultado de um acordo anterior entre o governo federal e os legisladores que foi feito para evitar um atraso de meses na implementação da lei de legalização.
Uma das mudanças dá aos estados maior flexibilidade para definir restrições ao cultivo em cooperativas que agora podem começar a distribuir cannabis aos membros. Os governos regionais poderão impor limites ao tamanho das cooperativas.
Uma medida separada que os legisladores federais adotaram estabeleceu um limite de THC per se para dirigir embriagado. A legislação — que se mostrou mais controversa dada a falta de evidências científicas que apoiam a eficácia de tais políticas — faz com que os motoristas sejam considerados embriagados se tiverem mais de 3,5 ng/ml de THC no sangue. A emenda também proíbe dirigir se uma pessoa tiver usado maconha e álcool, independentemente da quantidade.
O Conselho Federal que representa estados individuais tentou bloquear a legislação de legalização agora promulgada em setembro passado, mas acabou falhando.
Embora o Gabinete Federal da Alemanha tenha aprovado a estrutura inicial para uma medida de legalização no final de 2022, o governo também disse que queria obter a aprovação da União Europeia para garantir que a implementação da reforma não os colocaria em violação de suas obrigações internacionais.
Autoridades alemãs deram o primeiro passo em direção à legalização em 2022, dando início a uma série de audiências destinadas a ajudar a informar a legislação para acabar com a proibição no país.
Autoridades governamentais de vários países, incluindo os EUA, também se reuniram na Alemanha em novembro passado para discutir questões de política internacional sobre a maconha enquanto o país anfitrião trabalha para promulgar a legalização.
Um grupo de legisladores alemães, assim como o Comissário de Narcóticos, Burkhard Blienert, visitaram separadamente os EUA e visitaram empresas de cannabis na Califórnia em 2022 para informar a abordagem de seu país à legalização.
A visita ocorreu depois que autoridades de alto escalão da Alemanha, Luxemburgo, Malta e Holanda realizaram uma reunião inédita para discutir planos e desafios associados à legalização da maconha para uso adulto.
Líderes do governo de coalizão disseram em 2021 que haviam chegado a um acordo para acabar com a proibição da cannabis e promulgar regulamentações para uma indústria legal, e eles apresentaram pela primeira vez certos detalhes desse plano em 2022.
Uma nova pesquisa internacional divulgada em 2022 encontrou apoio majoritário à legalização em vários países europeus importantes, incluindo a Alemanha.
Enquanto isso, o órgão de controle de drogas das Nações Unidas (ONU) reiterou recentemente que considera a legalização da maconha para fins não médicos ou científicos uma violação de tratados internacionais, embora também tenha dito que aprecia o fato de o governo alemão ter reduzido seu plano sobre a cannabis antes da votação recente.
A previsão é que óleos, comestíveis e flores para uso medicinal estejam disponíveis no próximo mês de janeiro.
No dia 18 de outubro, entraram em vigor os novos regulamentos da lei sobre o uso medicinal da maconha na Costa Rica, promulgada há dois anos. Desta forma, não será expandido apenas para o setor industrial, que já entregou 57 licenças de produção. Além disso, será permitida a venda de derivados vegetais nas farmácias do país.
A venda de derivados vegetais nas farmácias da Costa Rica está prevista para começar em janeiro de 2025. A afirmação foi de Thomas McCullen, diretor executivo da Green Mountain Medical, em artigo publicado pela mídia local Teletica. “O espectro de produtos que estarão disponíveis será bastante amplo”, disse McCullen sobre os óleos, comestíveis e flores que estarão acessíveis, desde que os pacientes tenham indicação médica. Antes da distribuição dos produtos, as autoridades sanitárias da Costa Rica organizarão uma série de sessões de formação profissional para os médicos do país, para treiná-los em terapias com a planta.
As novas regulamentações da lei foram implementadas depois que a Câmara Constitucional decidiu, em setembro, a favor de um recurso de proteção contra o Ministério da Saúde e o Ministério da Agricultura e Pecuária apresentado por diferentes empresas de maconha. A alegação era que, dois anos após a promulgação dos referidos regulamentos, não havia sido implementada uma regulamentação que permitisse o desenvolvimento industrial e comercial. Após a decisão do Tribunal, o governo da Costa Rica reclassificou os produtos derivados da planta para fins terapêuticos e deixaram de ser considerados medicamentos. Agora, eles são divididos em “produto seco” e “produto dosado” para flores e concentrações específicas de THC ou CBD, respectivamente.
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