A maconha oferece introspecção espiritual. Portanto, não nos surpreendemos que muitas religiões do mundo usaram, ou usam, a planta de várias maneiras. Os hindus fazem bhang nos dias sagrados, os citas costumavam fazer saunas de fumaça dentro de suas tendas como rito fúnebre e os muçulmanos sufis consumiam a erva para iluminar o espírito.

A natureza psicoativa da maconha muda a maneira como vemos as coisas. Estimula nossas faculdades criativas, permite-nos considerar aspectos de um ponto de vista diferente e inspira grandes questões existenciais. Portanto, não é surpreendente que religiões de todas as idades tenham usado a cannabis para promover uma conexão mais estreita com o divino.

Se você parar para pensar sobre isso, a verdadeira essência da realidade faz tremer a mente. Não há respostas convincentes que expliquem por que existimos. Nos encontramos navegando em um universo infinito. Contra todas as probabilidades, nosso veículo cósmico desenvolveu uma fina camada atmosférica que permitiu que a vida se desenvolvesse e se ramificasse em milhões de espécies de fungos, plantas e animais.

E então o ser humano apareceu. Somos criaturas estranhas. De alguma forma, ao longo do caminho, um animal parecido com um macaco bípede se deu conta de si mesmo. Este fato não só nos ajudou a desenvolver a linguagem e a capacidade de autorreflexão, mas também deu origem a pensamentos abstratos sobre outros mundos, seres superiores e super inteligentes.

O desenvolvimento das religiões

Milhares de anos atrás, nossos ancestrais estavam mais bem sintonizados com a natureza mística da realidade. Sem distrações modernas, grande parte de suas vidas foram governadas por fenômenos naturais, a vontade dos deuses e superstições espirituais. Os humanos ao redor do mundo desenvolveram suas crenças como uma estrutura para dar sentido ao misterioso mundo ao seu redor.

Alguns estudiosos acreditam que as religiões derivam de processos evolutivos. Os estudiosos mais rebeldes propõem origens mais controversas. Terence McKenna apresentou sua teoria do macaco chapado; que é a ideia de que o consumo de cogumelos com psilocibina deu origem a pensamentos abstratos sobre deuses e reinos espirituais.

Outros pesquisadores, como o psicólogo evolucionista Robin Dunbar, atribuem a origem das religiões a uma adaptação sociológica. Dunbar argumenta que as crenças se desenvolveram como uma “adaptação em nível de grupo”, que funcionou como “uma espécie de cola para manter a sociedade unida”.

Independentemente de como as religiões se originaram, está claro que a maconha desempenhou um grande papel em muitos sistemas de crenças do mundo antigo. Mas o uso espiritual da cannabis continua até hoje. Continue lendo e descubra como diferentes religiões usaram a maconha ao longo da história, em suas celebrações, rituais e oferendas.

Maconha na espiritualidade chinesa antiga

A China Antiga foi o berço do uso histórico da maconha. Antes do surgimento de outras religiões mais estruturadas, os habitantes dessa área tinham uma visão xamânica e animista do mundo. A evidência disso é encontrada nas práticas religiosas da cultura Yangshao no Vale do Rio Amarelo. Lá, tumbas datadas de 4500-3750 a.C. contêm bens mortíferos indicando uma crença na vida após a morte.

Os sistemas de crenças da China antiga tinham traços de animismo, que é o culto das personificações da natureza. Com o tempo, esses sistemas arcaicos adquiriram uma estrutura maior que deu origem a um panteão composto por mais de 200 deuses. As pessoas daquela época também acreditavam fortemente no sobrenatural, com ênfase especial em fantasmas, adoração de ancestrais, espíritos de dragão e adivinhação.

Os xamãs também existiam na China antiga. Conhecidas como “wu”, essas figuras místicas supostamente controlavam o clima e eram capazes de se comunicar com os espíritos, e passavam muito tempo coletando ervas mágicas para tratar doenças.

O uso exato da cannabis neste mundo de espíritos, deuses e magia permanece um mistério. No entanto, as evidências indicam que a maconha e a espiritualidade estavam de alguma forma associadas. Arqueólogos descobriram folhas, brotos e buds de cannabis em tumbas de 2.500 anos localizadas em Yanghai, a noroeste da China atual. Surpreendentemente, a estrutura celular e os tricomas desses espécimes permaneceram intactos por milênios.

A presença da maconha nessas tumbas sugere um uso espiritual da planta, o que aumenta a probabilidade de ter sido consumida nos sistemas xamânicos e animistas da China antiga. Embora também seja possível que os achados mais preservados tenham se deteriorado há milhares de anos, tornando impossível determinar exatamente como e onde a erva foi usada espiritualmente.

O Taoísmo e a Maconha

O princípio básico do Taoísmo é seguir o fluxo. A ideologia taoísta vê o universo como uma grande força conciliadora e emaranhada. O próprio “tao” é a fonte, a substância e a energia fundamental que move e anima todas as coisas. Se olharmos apenas para essa abordagem, parece que eles fumaram muita erva para chegar a essa conclusão.

A ascensão do taoísmo remonta pelo menos ao século IV a.C. Os historiadores atribuem ao antigo filósofo e escritor chinês Lao Tzu (que pode não ter existido) o estabelecimento dessa religião. Aqueles que governam suas vidas pelo Taoísmo procuram viver de forma natural, simples e espontânea. Esses discípulos também valorizam os Três Tesouros: compaixão, frugalidade e humildade.

Os taoístas praticam a alquimia com a intenção de alcançar a imortalidade e participam de rituais, exercícios e jornadas espirituais, que acreditam alinhá-los com as forças cósmicas e expandir sua existência biológica.

Dado que a China antiga é o berço do uso histórico da cannabis e as práticas taoístas são tão abstratas e psicodélicas, faz sentido pensar que a maconha fazia parte dessa religião. Parece que os taoístas não ficavam exatamente enojados com a erva.

Algumas seitas até personificaram a cannabis em uma divindade. Durante a Dinastia Tang, o culto de Magu (Senhora do Cânhamo) associava esta xian taoísta (imortal) ao elixir da vida. Segundo a lenda, Magu ocupou o monte sagrado Tai, onde seus discípulos coletaram cannabis no sétimo dia do sétimo mês, em sincronia com os banquetes taoístas.

Textos taoístas também mostram a importância da maconha dentro dessa visão de mundo. A Wushang Biyao Encyclopedia (que se traduz como “Segredos Essenciais Supremos”), escrita em 570 d.C., documenta o uso de cannabis em queimadores de incenso durante rituais, bem como a tendência taoísta de fazer experiências com fumos psicotrópicos.

Xintoísmo: espiritualidade canábica desde o Japão antigo

O Japão tem uma longa história com a planta de cannabis. Os povos indígenas desta ilha usavam para fazer roupas e cestos, além de consumir suas sementes. Portanto, não é nenhuma surpresa que a antiga religião do xintoísmo respeitasse muito a maconha.

Como religião indígena do Japão, o xintoísmo (ou “o caminho dos deuses”) é tão antigo quanto o próprio país. Sendo um sistema de crenças um tanto descentralizado, difere muito de outras religiões. Essa fé não foi fundada por ninguém, e adoração e pregação são raras. Em vez disso, o xintoísmo surge organicamente da cultura e do povo japoneses. Os seguidores do xintoísmo acreditam em espíritos sagrados chamados kami, que assumem a forma de elementos, organismos e estruturas da natureza, como montanhas, vento ou árvores.

O xintoísmo carece de moralidade objetiva estrita, não tem doutrina e o bem e o mal não existem, mas aceita que não existem pessoas perfeitas. Essa religião tem uma visão supersticiosa e espiritual do mundo. Embora considere as pessoas fundamentalmente boas, elas podem ser vítimas das ações de espíritos malignos.

Mas o que um humano mortal pode fazer contra tais adversários? Fumar maconha, é claro! Cannabis tem um significado espiritual no Xintoísmo. Seus discípulos veem a erva como uma planta de purificação capaz de afastar os maus espíritos. Os sacerdotes xintoístas agitam ramas de erva sobre as pessoas possuídas para exorcizar esses seres malévolos.

O Budismo e a Maconha

Os budistas têm opiniões diferentes quando se trata da maconha. Algumas seitas são mais tolerantes com seu consumo, enquanto outras se opõem completamente. Apesar dessas visões opostas, a erva desempenhou um papel importante na jornada do Buda; Sidarta Gautama, Buda, seguiu uma dieta de uma semente de cannabis por dia durante seis meses, em seu caminho para a compreensão.

O budismo se originou na Índia entre os séculos 6 e 4 a.C. Com o tempo, os ensinamentos do Buda se desenvolveram em um conjunto de tradições e práticas espirituais. Alguns dos pontos-chave do budismo são karma, renascimento, liberação do ciclo de renascimento e a obtenção do nirvana (a transcendência do sofrimento).

Os budistas também seguem uma série de crenças conhecidas como os Cinco Preceitos. O quinto preceito proíbe a intoxicação por álcool e drogas. Parece que essa regra deve remover completamente a cannabis da equação. No entanto, as páginas do Mahakala Tantra (uma escritura de oito capítulos) falam da prescrição de maconha e outras substâncias psicoativas para fins medicinais.

As três vertentes principais do budismo veem a cannabis de diferentes perspectivas.

  • Budismo Teravada

A escola budista mais antiga, a Teravada (Escola dos Anciãos), tem uma visão conservadora da maconha e leva o quinto preceito muito mais a sério, resultando em uma postura antidrogas mais firme do que as outras vertentes.

  • Budismo Mahayana

O Mahayana (Grande Veículo) aceita os primeiros ensinamentos e as principais escrituras budistas, mas adiciona suas próprias doutrinas e textos. O Mahayana dá ênfase especial ao ideal do bodhisattva (o caminho para a iluminação) e tem uma abordagem mais frouxa da cannabis. Seu código de ética ensina que tudo o que é benéfico para uma pessoa deve ser aceito; o que, no mínimo, indica uma tolerância em relação à maconha para uso medicinal.

  • Budismo Vajrayana

A escola Vajrayana (Carruagem do Diamante) afirma oferecer um caminho mais rápido para a compreensão e valoriza muito o conceito de Karma. Esta escola é a que tem a visão mais tolerante da maconha e de outros tabus. Ela encoraja seus discípulos a verem pureza em todas as coisas, incluindo o sexo e as drogas.

Antigo Egito: evidências de maconha e espiritualidade?

A espiritualidade egípcia antiga girava em torno de um panteão de deuses que controlavam a natureza e a sociedade. Seus seguidores divinizaram as forças e formas de vida do mundo ao seu redor, incluindo o clima e as características de alguns animais. Muitas de suas práticas espirituais visavam ganhar o favor dos deuses, enquanto outras se concentravam nos faraós, que se acreditava possuírem poderes divinos.

Os antigos egípcios usavam a maconha para fins industriais e terapêuticos, mas o uso cerimonial e religioso exato da erva permanece um mistério. No entanto, os arqueólogos encontraram evidências do uso de cannabis analisando faraós mumificados. Devido ao seu status divino, essas descobertas indicam que a erva era usada em um contexto religioso. Os pesquisadores também encontraram um nível significativo de THC, além de cocaína e nicotina, ao estudar uma múmia de 950 a.C. Também foi encontrado pólen de cannabis na múmia de Ramsés II, que morreu em 1213 a.C.

Hinduísmo e uso oral da cannabis

A maconha e a espiritualidade andam de mãos dadas quando se trata do hinduísmo, uma das religiões mais antigas do mundo, com crenças que datam de mais de 4000 anos. Os pontos-chave do sistema de fé hindu são reencarnação, karma, crença na alma (atman) e salvação que termina com o ciclo de renascimento (moksha).

Os hindus aceitam a maconha como um sacramento, uma oferenda e uma substância composta do sangue do deus Shiva, que é membro da trindade desta religião. Os textos sagrados dessa fé, conhecidos como Vedas, falam da santidade da maconha. Estas páginas descrevem cinco plantas sagradas. A cannabis pertence a esta categoria, e alguns hindus acreditam que um anjo da guarda habita suas folhas. Os Vedas também descrevem a cannabis como “libertadora” e “fonte de felicidade”.

O bhang também desempenha um papel importante nos festivais hindus. Essa bebida psicoativa, feita com maconha, leite e ervas saborosas, produz um estado alterado de consciência durante o Shivratri (a noite de Shiva) e o Holi (o festival das cores).

O Judaísmo e a Maconha

A religião monoteísta do Judaísmo tem muito em comum com o Cristianismo. Embora os judeus neguem Jesus como o Messias (uma das principais crenças que os separam dos cristãos), eles também enfatizam a importância do perdão, oração, jejum e obediência às leis de Deus.

O uso de maconha durante o antigo Judaísmo continua a ser debatido. Em 2020, arqueólogos israelenses encontraram vestígios da erva em artefatos de um santuário de Tel Arad do século 8 a.C. Alguns estudiosos acreditam que o termo “kaneh bosem”, uma planta usada no óleo sagrado da unção do Êxodo, se refere à cannabis. No entanto, outros estudiosos refutam esta tradução e argumentam que na verdade se refere à outra espécie de planta.

Independentemente do antigo uso da maconha no Judaísmo, os rabinos modernos têm uma posição muito mista sobre a cannabis. Em 1978, o rabino ortodoxo Moshe Feinstein lembrou a seus discípulos que a cannabis é proibida pela lei judaica e que essa erva impede os fiéis de orar e estudar a Torá. Outros rabinos modernos assumem uma posição oposta. Alguns aceitam totalmente a maconha para uso medicinal e até afirmam que ela tem status kosher durante a Páscoa.

O Cristianismo e a Maconha

Como os judeus, os cristãos têm opiniões diferentes sobre a cannabis. As vertentes mais conservadoras, como os ortodoxos, católicos e algumas igrejas protestantes, se opõem ao consumo de maconha. Mas outros ramos protestantes apoiam a maconha para uso medicinal, incluindo a Igreja Presbiteriana, a Igreja Unida de Cristo e a Igreja Episcopal.

Alguns eruditos também afirmam que a Bíblia menciona a cannabis indiretamente: “Eis que vos tenho dado todas as plantas que dão sementes que estão na superfície de toda a terra e todas as árvores cujos frutos dão semente. Eles vão te servir de alimento”. Outros contradizem essa suposta justificativa para consumir erva com passagens da Bíblia como Pedro 5:8: “Sê sóbrio e vigia. Porque o diabo, teu adversário, como um leão que ruge, está procurando alguém para devorar”.

Alguns eruditos que estudam as escrituras levaram o argumento da cannabis um passo adiante. Baseados na ideia de “kaneh bosem”, dizem que Jesus e seus discípulos usavam a maconha como ingrediente em suas pomadas curativas.

Espiritualidade da Cannabis no Islã

Embora o Islã defenda práticas bastante conservadoras, a maconha está em uma área cinzenta. O Corão (o texto principal desta religião) usa o termo “haram” para proibir certos comportamentos, como o consumo de álcool. Embora o Profeta Muhammad (Maomé) reconhecesse que o álcool tem algumas aplicações medicinais, ele também afirmou que seu potencial para o pecado superava em muito qualquer benefício.

Então, por que ele não proibiu o uso de maconha? É possível que ele não soubesse de sua existência. Embora as pessoas na Índia e no Irã usassem cannabis como narcótico já em 1000 a.C., as pessoas do Oriente Médio não provaram haxixe até 1800 anos depois, dois séculos após a morte de Maomé.

No entanto, em um de seus hadiths (ditos), Maomé declara: “Se é muito inebriante, mesmo que um pouco, é haram”. É possível que, se ele soubesse sobre a maconha, a classificaria como haram junto com o álcool.

A maconha desempenhou um papel espiritual no ramo místico do Islã. Conhecido como Sufismo, os discípulos dessa prática levam um estilo de vida ascético. Eles renunciam às coisas mundanas e procuram purificar a alma por meio do jejum e da oração.

O santo sufi persa Qutb ad-Dīn Haydar se apaixonou pela maconha e ajudou a espalhar sua popularidade pelo mundo islâmico. Diz a lenda que Haydar encontrou cannabis enquanto caminhava no campo e descobriu a natureza divina e alegre desta planta. Depois do que parece ser um momento maravilhoso, Haydar voltou para seus discípulos e disse: “Deus Todo-Poderoso concedeu-lhes como um favor especial as virtudes desta planta, que dissipará as preocupações que obscurecem sua alma e iluminam seu espírito”.

Os estudiosos afirmam que Haydar queria manter os efeitos divinos da cannabis em segredo esotérico. No entanto, a notícia logo se espalhou. As coisas chegaram a um ponto em que o uso espiritual da maconha se espalhou pela Síria, Egito e Iraque, onde ela ficou conhecida como a “Senhora de Haydar”.

O culto cita aos mortos e o uso cerimonial da cannabis

Os citas! Qualquer pessoa com uma queda por história vai gostar de ler sobre essa civilização ao estilo Dothraki. Este povo nômade de guerreiros a cavalo habitava a estepe pôntica, uma região que se estende da costa norte do Mar Negro ao oeste do Cazaquistão.

Quando as tribos citas não estavam inventando novos arcos assassinos ou conquistando civilizações rivais, montavam “saunas de fumaça” para sentir os efeitos da planta. Mas o uso da maconha tem um aspecto sombrio, visto que foi usada durante cerimônias fúnebres. Depois dos enterros, os citas se purificaram sentando em tendas e enchendo-as de fumaça de maconha.

O escritor grego Heródoto escreveu um relato desse ritual: “… os citas pegaram algumas sementes desse cânhamo, eles escorregavam para baixo do pano e colocaram as sementes em pedras em brasa”. Ele também falou sobre os supostos efeitos dessa prática: “Os citas, carregados por essa fumaça, gritam”.

Maconha no paganismo germânico

O paganismo germânico abrange as religiões praticadas pelos povos germânicos desde a Idade do Ferro até a Idade Média. Rico em mitologia e folclore, essas pessoas adoravam um vasto panteão de deuses, incluindo Odin, Thor, Balder, Loki e Freyja. Para apaziguar a ira desses deuses, eles realizaram atividades sombrias, como sacrifícios humanos de várias maneiras.

Nesse sistema de crenças, não há muitas evidências ligando o uso da maconha às práticas espirituais. No entanto, seus discípulos podem ter associado a cannabis com Freyja, a deusa nórdica do amor e da fertilidade.

Movimento Rastafari: a maconha como sacramento

Não podemos escrever um artigo sobre cannabis e religião sem mencionar o movimento Rastafari. Também conhecido como rastafarianismo, esse sistema de crenças ligado a erva tem muito em comum tanto com o judaísmo quanto com o cristianismo. Seguidores desta fé consideram a Bíblia seu livro sagrado. Eles são monoteístas que adoram Jah (abreviação de Jeová), que é o nome de Deus na Bíblia. Mas a ideologia rastafari difere do cristianismo porque consideram Haile Selassie, o imperador da Etiópia entre 1930 e 1974, como a segunda vinda do Cristo.

Os rastas governam suas vidas de acordo com várias práticas importantes. Muitos adoradores comem comida I-tal, que é comida cultivada localmente e organicamente. A maioria dos Rastas segue as leis dietéticas ditadas no Levítico, evitando carne de porco e crustáceos, enquanto outros seguem uma dieta vegetariana ou vegana.

A maconha também é um elemento importante das práticas espirituais dos rastafáris, que fumam cannabis ritualisticamente. Frequentemente, consomem erva durante seus cultos. Nessas reuniões, relacionamentos são cultivados entre discípulos que pensam da mesma forma. Eles geralmente tocam tambores, fumam ganja e cantam louvores à Jah.

Rastas acredita que as passagens da Bíblia que parecem falar sobre a cannabis, sem dúvida, se referem a erva. Eles consideram esta planta como um sacramento que ajuda a produzir um sentimento de paz, amor e introspecção, e que facilita a descoberta da divindade interior.

Canteismo: uma religião baseada na maconha e na espiritualidade

Embora a maconha tenha desempenhado um papel secundário nas religiões do passado, alguns sistemas espirituais modernos fizeram da erva seu cerne teológico. A nova religião do canteismo usa a cannabis como sacramento para promover a comunidade e a conexão.

Fundado pelo ativista da cannabis Chris Conrad em 1996, o canteismo carece de dogma, tem rituais e códigos bastante imprecisos e funde maconha com espiritualidade. Num “culto” canteista acontece o seguinte: os participantes reúnem-se num domingo à tarde, todos trazem buds para partilhar e no altar colocam uma planta viva e um fio de cânhamo.

Para iniciar a cerimônia, os participantes sentam-se em círculo e recitam o credo. O líder declara: “Considero a cannabis e o cânhamo um sacramento que utilizo para me conectar com a minha comunidade e comigo mesmo”, ao que os participantes respondem: “É por isso que o partilhamos com gratidão e com profundo respeito pelos seus poderes resinosos”.

Referência de texto: Royal Queen

Pin It on Pinterest

Shares