Você já se perguntou qual é a taxonomia da maconha? No post de hoje explicamos a fundo a família cannabaceae e seu lugar no reino das plantas. Já avisamos de antemão que essa é uma leitura um pouco difícil para quem não é familiarizado com termos científicos, então aperte aquele e leia com calma, pois, no final, o conhecimento valerá a pena.

Classificar e catalogar as bilhões de espécies vegetais que existiram em nosso planeta, desde os primórdios da vida, é uma tarefa muito ampla e complexa. Antes de nosso desenvolvimento atual de testes genéticos, a única maneira de atribuir uma planta ao seu táxon correto era classificá-la com base na similaridade derivada e percebida.

Agora que desenvolvemos o estudo da filogenética, ou seja, das relações evolutivas entre grupos de organismos, temos uma base para classificar as plantas com base em suas semelhanças genéticas, embora uma tarefa tão complexa não esteja isenta de problemas.

Continue lendo para aprender sobre a família cannabaceae da qual surge a maconha e suas incríveis plantas irmãs.

A família cannabaceae dentro da classificação cladística

De acordo com o Sistema Integrado de Informações Taxonômicas (ITIS, sigla em inglês), a planta da maconha, formalmente conhecida como espécie Cannabis Sativa L., pertence ao gênero Cannabis, que por sua vez faz parte da família Cannabaceae. A família Cannabaceae, juntamente com outras três famílias, constituem a (informal) subordem Rósidas Urticales, da ordem Rosales.

O complexo e confuso mundo da taxonomia vegetal

A ordem Rosales pertence à subclasse informal (ou superordem) dos Rosidae, um grande clado que compreende quase um quarto de todas as plantas com flores. Esses “Rosídeos” pertencem à classe Magnoliopsida ou Eudicotas (eudicotiledôneas), que é membro da infradivisão das angiospermas. Estas, por sua vez, pertencem à subdivisão de Spermatophytina, à divisão de Tracheophytes, ao infra-reino Streptophyta ou Embryophyta (plantas terrestres), ao sub-reino de Viridiplantae (plantas verdes).

O filo ou divisão Viridiplantae é composto de algas verdes, além de todas as plantas terrestres. O filo das Rodófitas ou Rhodophyta (algas vermelhas) e das Glaucofitas ou Glaucophytas (algas unicelulares de água doce) formam o reino Archaeplastida ou Primoplantae, também conhecido como Plantae sensu lato, que se refere a “plantas no sentido mais amplo”.

A questão de saber se Archaeplastida é realmente um clado maior composto pelos reinos Viridiplantae, etc., é controversa. A ordem Rosales pertence à subclasse informal (ou superordem) das Rósidas (ou Rosidae), um grande clado que compreende quase um quarto de todas as plantas com flores.

As relativamente recentes Rosídeas Urticáceas

Rosídeas Urticáceas são consideradas ramificações relativamente recentes da árvore filogenética e são caracterizadas por suas flores serem discretas e principalmente unissexuais (embora as flores de olmo sejam geralmente bissexuais). Como nas Cannabaceae, as famílias Urticales incluem Urticaceae (urtiga), Ulmaceae (ulmeiro) e Moraceae (amoreira ou figueira). As flores masculinas são discretas, não chamam a atenção e não contêm pétalas, apenas sépalas. Os ovários femininos contêm um único óvulo e produzem uma única semente.

As Rosídeas Urticáceas exibem grande variação em morfologia e biogeografia, e desenvolveram algumas adaptações surpreendentes. As plantas são geralmente polinizadas pelo vento, embora vários membros da família Moraceae sejam polinizados por insetos. Várias espécies dentro da família das urtigas têm a capacidade única de dispersar o pólen ao vento com uma espécie de explosão. Os frutos podem ser aquênios duros e secos, como ocorre com a cannabis; drupas carnudas, como celtis; sicones carnosos, frutos típicos das figueiras, ou os clados compostos encontrados nas amoras. Curiosamente, acredita-se que várias espécies de amoreira contendo propriedades alucinógenas suaves e fibras de alta qualidade podem ser obtidas da casca.

Quem compõe a família cannabeceae?

– Cannabis
– Humulus (Lúpulo)
– Celtis
– Trema

Cannabis

A cannabis, sem dúvida, é o membro mais importante da família cannabaceae graças ao seu nível de reconhecimento. A cannabis tem a particularidade de ser composta por canabinoides, destacando-se o THC e o CBD, que atuam no sistema endocanabinoide do corpo humano e causam os efeitos bem conhecidos desta planta.

Humulus

É claro que o humulus (lúpulo) e a cannabis compartilham semelhanças óbvias no que diz respeito à estrutura de suas flores. Ambos contêm terpenos, o que explica sua fragrância semelhante, mas o lúpulo é uma videira (ou trepadeira) e a cannabis é herbácea.

Celtis

O gênero Celtis é relativamente diferente. As espécies Celtis são geralmente árvores de folha caduca altas, com folhas simples, em oposição às folhas com membranas compostas encontradas no lúpulo e na cannabis. As árvores Celtis geralmente não são dioicas, ou seja, embora as flores sejam geralmente unissexuais, elas são encontradas na mesma planta.

Apesar das inúmeras diferenças, as flores masculinas de muitas espécies de Celtis apresentam uma notável semelhança com as da cannabis. Outras semelhanças entre os membros da família Cannabaceae incluem as folhas que sustentam as estípulas (na cannabis, as estípulas são os dois pequenos brotos na base de cada folha) e os cistólitos, ou células foliares que contêm cristais de carbonato de cálcio.

Trema

As árvores pertencentes ao gênero Trema são bem diferentes de suas primas Cannabis e Humulus. No entanto, estão muito próximos do gênero Celtis. Entre os Trema podemos encontrar 15 variedades de árvores perenes, que podem ser encontradas tanto nos climas quentes da África, Austrália e Ásia, quanto nos climas frios da América do Norte.

Os canabinoides são encontrados exclusivamente na Cannabis?

O gênero Cannabis é aparentemente único dentro da família Cannabaceae, pois contém canabinoides. Há evidências que sugerem que compostos semelhantes aos canabinoides são encontrados em outras espécies de plantas, particularmente no gênero Echinacea, um membro da subclasse Asteraceae e, portanto, devem ter evoluído separadamente da cannabis ao longo de milhões de anos.

Isso pode implicar que um sistema protocanabinoide existia em um ancestral comum de ambas as plantas, antes da divergência dos clados rosídeos e asterídeos 126 milhões de anos atrás.

Dada a probabilidade muito baixa de que uma nova espécie de planta contendo um sistema fitocanabinoide totalmente funcional apareça repentinamente, a evolução gradual de sistemas canabinoides complexos de linhagens mais rudimentares parece ser a única explicação plausível.

Traços das primeiras espécies de Cannabaceae foram encontrados em fósseis do Cretáceo que datam de 93,5 milhões de anos atrás, mas não há evidências concretas para mostrar quando o gênero Cannabis se separou.

O fato de não haver parentes próximos vivos que apresentem um sistema canabinoide é surpreendente, mas conforme a pesquisa continua, mais plantas podem ser descobertas que contenham canabinoides, o que exigiria uma reorganização adicional do complexo e confuso sistema de classificação das plantas.

O que você acha da fascinante família cannabaceae? Agora você sabe um pouco mais sobre a família da maconha e sua taxonomia para surpreender seus amigos com seu conhecimento na próxima vez que fumarem um baseado juntos.

Referência de texto: La Marihuana

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