por DaBoa Brasil | maio 23, 2017 | Contos Canábicos, Entretenimento
Cá estava eu andando pelo centro de Curitiba fumando um baseado, quando ouço alguém falando “ei rapaz, venha a cá”. Me virei e vi uma mulher de roupa extravagante e uma peruca ridícula na cabeça tomando chá em um café à beira da rua.
“Estás a fumar um cigarro de índio?” me perguntou a senhora. Pela forma séria que ela chamou minha atenção, logo pensei que seria repreendido pelo cheiro do meu prensado. “É tabaco, minha senhora”, respondi a fim de despistá-la e voltar a seguir meu caminho. “Ora, não seja tolo! Só quero dar um tapa no cigarro”.
Achei muito estranho a forma como a senhora me abordou. Mas ignorei qualquer tipo de represália que eu poderia vir a sofrer e caminhei até a mulher. “Sente-se, me faça companhia”. Logo puxei uma cadeira e me sentei à mesa com a senhora. Dei mais uma bola e passei o baseado para a madame. Ela puxou, prendeu, e soltou a fumaça. “Meio fraquinho, não?”. Argumentei que era um prensado, cuja origem é obscura, portanto de baixa qualidade sim.
Achei um tanto quanto arrogante a forma como a mulher falou do meu baseado. Estamos no Brasil, século XXI, fumar coisa boa só plantando. Mas no fim ela agradeceu as bolas que eu passei para ela. “Estou com cólica menstrual, e a cannabis é o único remédio para aliviar as dores”.
Com a leseira no corpo e a boca seca, aproveitei que estava em um café e pedi uma água. “Qual o seu nome, meu jovem?” ela perguntou. Foi aí que eu me liguei que não nos apresentamos. Eu disse meu nome, e ela em seguida falou o dela. “Me chamo Carlota Joaquina”. Nome estranho para uma senhora estranha com sotaque forte. “Prazer”, respondi.
Perguntei se ela era de Curitiba. Ela disse que não, e que na verdade era uma portuguesa que veio ao Brasil com o marido para fugir de um baixinho maníaco francês que estava tocando o terror na Europa. “Coisa louca”, falei. “Aqui no Brasil tá acontecendo a mesma coisa, o problema é que o cara era até então apoiado pela classe-média”.
Logo o assuntou voltou para a maconha. Disse que aqui no Brasil não se pode plantar um pé de maconha que já vem polícia encher o saco. A senhora então disse que em Portugal a maconha é usada para tudo, mas que o que fode com todo o esquema são os negros. “Que senhorinha filha da puta”, pensei.
Papo vai e papo vem, percebo que na verdade a tal Carlota Joaquina é uma dondoca preconceituosa que não sabe fumar maconha. “Você já ouviu a palavra de Gilberto Gil?” perguntei a ela. “Nunca ouvi falar”. Como sou dessas pessoas que acredita ser possível mudar os outros com gestos simples, convidei a madame para ir até meu apartamento para ouvir a palavra do ex-ministro da cultura e fumar mais um baseado.
Chegando em minha residência, coloco na vitrola o disco “Refazenda” e bolo um baseado. Não demora muito para a senhora entrar no clima do disco e da maconha. “O que é esse som que eu nunca ouvi antes?” me pergunta. “Isso é Gilberto Gil. Música negra da melhor qualidade”. “Isso é música de negro?” se surpreende a mulher. Em pouco tempo, Carlota entra num transe profundo com as palavras de Gil. “Nos meus retiros espirituais, descubro certas coisas tão banais/ Como ter problemas, ser o mesmo que não”.
O disco acaba, e do baseado, só resta a ponta. “Ó, que experiência divina!” fala para mim a senhora ainda tentando sair do transe. “Pois é, Gil ensina que não há motivos para odiar o próximo. Classe e cor são apenas detalhes superficiais. É preciso amar as pessoas por suas espiritualidades”. “Agora concordo plenamente” ela responde com um pouco mais de consciência.
Enfim nos despedimos. Permaneço em meu apartamento e Carlota segue seu rumo pelas ruas de Curitiba. Sempre me bate uma satisfação quando consigo ensinar as pessoas a ver as coisas de uma outra forma por meio da música e da maconha.
Semana passada eu estava andando pela Rua São Francisco quando alguém chama meu nome. “Ei Chico!”. Quando viro para trás, vejo Carlota sentada em um círculo com alguns hippies artesãos. Quase que não a reconheço, por ter trocado aquela peruca ridícula por dreadlocks.
“O Carlota, quase não te reconheci!” disse a ela. “Chico, eu tenho muito a te agradecer. Depois do Gil, percebi que nossa missão aqui na terra e alcançar um nível espiritual elevado”. “Fico feliz em ouvir isso. Mas se me dá licença, preciso seguir meu caminho”. “Não quer levar uma miçanga?” ela me pergunta. “Hoje não, muito obrigado”, respondo. Assim que me afasto consigo ouvir ela falando “burguês filho de uma puta”.
Por Francisco Mateus
por DaBoa Brasil | maio 18, 2017 | Arte, Entretenimento, Eventos
No próximo sábado (20) os amantes da boa leitura e da boa erva, que estiverem na Cidade Maravilhosa, poderão participar da I Bienol do Livro – Feira Literária Antiproibicionista.
A Bienol do Livro reúne autores de livros, revistas, quadrinhos e afins, além de criadores de diversos conteúdos impressos, para um encontro que consistirá em programação de um dia relacionada às obras antiproibicionistas publicadas em território brasileiro bem como do exterior.
A feira conta com a presença de autores de vários estados do Brasil e com obras de diversos países à venda. Além de obras raras em exposição e sorteios de revistas e brindes.
O evento acontece às 16:20 na Headshop La Cucaracha na Rua Teixeira de Melo 31H, em Ipanema! Não perca essa oportunidade de legalizar a informação! Para mais informações clique aqui!
por DaBoa Brasil | maio 16, 2017 | Arte, Ativismo, Entretenimento
Quem escreve este texto é um dos muitos transgressores da lei. Um criminoso pacifista, que tem como máscara os olhos vermelhos e os lábios secos. Digo criminoso porque detenho a arma que mais incomoda governantes e policiais: o conhecimento ilegal.
Diante de um estado repressor, a detenção de um usuário de maconha se mostra benéfica quando colocada nas estatísticas. Quanto mais usuários forem detidos, maior será a popularidade política entre seus apoiadores. Na mídia, matérias sobre apreensão de drogas e prisão de traficantes, além de reforçar o sistema repressor em vigor em nosso país, causam o mesmo efeito orgástico de vídeos pornográficos nos grupos reacionários da classe média brasileira.
Aqueles que conhecem os efeitos da maconha sabem o quão inofensivo o mero usuário é. Porém, o que coloca a sociedade em verdadeiro perigo é o conhecimento de um maconheiro. Enquanto a população continua sedada e sendo alimentada com imagens de guerra, os maconheiros se entorpecem com a flor da planta canábis e abrem a cabeça para um novo modelo de sociedade.
Quem fuma maconha todos os dias sabe como a proibição de uma planta é ridícula, e tentar exterminar da face da terra algo que nasce naturalmente soa ainda mais patético. Se as sociedades consomem maconha, para vários fins, desde muito antes do nascimento de Cristo, o que leva as pessoas a acharem que um tratado feito entre países em 1961 vai de fato acabar com tal hábito? Se o mundo funcionasse pelas lógicas escritas do sistema imposto, viveríamos em um lugar muito mais pacífico, mas não é isso que vemos.
O homem sempre achou que poderia ter controle sobre todas as coisas ao redor, até sobre seus próprios comportamentos. Quando há em jogo interesses financeiros, tal controle fica ainda mais forte. Aliado ao domínio religioso e à falta de conhecimento da população, torna-se uma tarefa fácil manter o status quo por décadas.
Fumar maconha é muito mais do que simplesmente ficar chapado, é um ato de resistência.
Mesmo com tantas mortes, prisões e ameaças, ter convicção de que este sistema está falido e cada vez mais mortal é ser um mártir, e por isso se expressar, seja por música, literatura ou até mesmo plantando maconha, é uma forma de tentar mudar o mundo sem violência e fazendo uso apenas do conhecimento.
Como já disse o pensador Gabriel, “a paz é contra a lei e a lei é contra a paz”. No Brasil, as coisas só mudam por meio do radicalismo. É preciso milhares de mulheres serem mortas buscando aborto clandestino para então o Supremo Tribunal Federal- mesmo contra a vontade do Congresso- reconhecer que o aborto é um direito legítimo de toda pessoa do sexo feminino.
Mesmo com a Anvisa reconhecendo recentemente a maconha como planta medicinal, o caminho para o fim da guerra é longo, e muitas armas serão apontadas para aqueles que não querem mais se submeter às políticas governamentais. Até que a maconha seja totalmente legalizada, é preciso que todos os usuários continuem na militância e buscando conhecimento. Seja marginal, seja herói, seja maconheiro.
Por Francisco Mateus
por DaBoa Brasil | maio 15, 2017 | Curiosidades, Entretenimento, Turismo
Os casamentos são alegres festas onde a maioria das pessoas sonha passar um dia. A Igreja Internacional da Cannabis é uma igreja muito especial e faz com que a maconha seja parte importante do grande dia de celebração que é a união matrimonial.
Graças e devido à recente abertura da Igreja Internacional da Cannabis no Colorado, a congregação já está organizando a realização de casamentos canábicos entre os seus paroquianos ou entre casais que decidem que em um dos dias mais importantes de suas vidas, não pode faltar a erva em forma de “sacramento”.
A igreja “elevacionista” com sede em Denver inaugurou em 4/20 e acaba de anunciar que pela primeira vez oferecerá serviços de casamento em um ambiente “amigável da cannabis”.
A oferta é resultado de haver recebido uma enorme demanda do público para celebrar os casamentos canábicos.
“Pensámos que haveria o interesse de pessoas que queriam se casar na igreja Internacional da Cannabis, mas nós não esperávamos tal resposta”, disse Lee Molloy, um porta-voz da igreja.
“O pedido e a demanda de casais interessados em realizar o seu casamento com a gente tem sido muito maior do que esperávamos.”
“Estamos muito animados para começar a transformar esses sonhos em realidade.”
Então, como é que funciona? Por cerca de US $ 4.200 você pode obter um pacote de casamento. Que inclui uma cerimônia em “um espaço mágico” com capacidade de até 200 convidados e os noivos se quiserem podem fornecer seu próprio juiz do casamento, embora a igreja também possa fornecer um conforme o gosto do casal.
Outra opção, se o casal não puder arcar com o custo da celebração e os padrinhos não puderem doar, dá para tentar a sorte na “zona presente de casamento” no site da Igreja, onde um casal de sorte pode ter uma cerimônia totalmente de graça. Tudo que você tem a fazer é explicar por que você deve ter o primeiro registro no livro de casamento da Igreja Internacional da Cannabis.
Nestes casamentos tão especiais, nós imaginamos que não haverá muito estresse e muita angústia, haverá pouco de tédio e muitas boas risadas que certamente será o principal fator da festa.
Com as novas possibilidades que chegam com a legalização da maconha recreativa, o casal feliz, se lhe for conveniente, pode também contratar uma viagem de lua de mel sobre o mesmo tema, que inclui viajar por estados e estabelecimentos que são amigáveis com a planta.
Também para as preparações e outras coisas que fazem um casamento especial, eles criaram exposições e eventos como a Cannabis Wedding Expo onde você pode encontrar tudo que precisa para o dia tão especial ser perfeito.
“Viva os noivos e que passem o baseado.”
Fonte: Metro UK
por DaBoa Brasil | abr 25, 2017 | Arte, Ativismo, Entretenimento, Música
O que seria da cultura pop se Bob Dylan não tivesse passado um baseado aos Beatles durante a passagem da banda por Nova York em 1964? Provavelmente seria menos colorida, e muito menos revolucionária. Foi por causa da maconha que a carreira dos Beatles tomou outro rumo, com mais experimentações sonoras e reflexões filosóficas, evidentes nos discos Rubber Soul, Revolver e Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band.
Ninguém se torna gênio após fumar um baseado, mas o que a maconha faz, naqueles que já tem predisposição à criatividade, é tornar as ideias muito mais fáceis de serem executadas e aprimoradas. Não é exagero quando falam que com a maconha a inspiração vem como um “presente divino”, pois de fato a erva de Jah eleva a consciência humana a outro patamar.
O desenvolvimento tecnológico teve também influência da maconha e outras drogas. Steve Jobs, por exemplo, fumava maconha e tomava LSD diariamente durante sua vida de universitário, o que acabou sendo impactante na criação do computador moderno como conhecemos, com uma interface colorida e interativa, como uma trip psicodélica.
É uma imensa hipocrisia em uma mão criminalizar a erva e seus usuários, e na outra venerar pessoas que de algum jeito revolucionaram o mundo por fumarem maconha. O pior é propagar, principalmente por meio de programas educativos, que o uso da erva torna te torna um “sequelado sem futuro e com baixa quantidade de esperma no saco”, se esquecendo que nosso antigo Ministro da Cultura, Gilberto Gil, e a fábrica ambulante de fazer filhos, Mick Jagger, são usuários de maconha.
Criminalizar a maconha, é criminalizar a liberdade de pensamento e criação, e um mundo melhor só poderá ser feito quando não houver barreiras no ato de se fazer arte. Maconha não é a porta de entrada para outras drogas, mas sim, a chave para abrir as portas da percepção. Mas diante da crítica situação da arte e da regulamentação da maconha no Brasil, pelo visto muita gente em Brasília prefere cobrir os olhos com suas orelhas de burro.
Por Francisco Mateus
por DaBoa Brasil | abr 12, 2017 | Ativismo, Entretenimento, Turismo
A Área Calma de Curitiba, implantada durante a gestão do prefeito Gustavo Fruet em 2015, foi uma medida cujo os efeitos se mostraram evidentes em menos de um ano. Não muito bem recebida por motoristas, mas vista com bons olhos por ciclistas e pedestres, estima-se que com a área que limita a velocidade dos carros em 40km/h, o número de acidentes tenha tido uma redução de 33% nos primeiros 11 meses, de acordo com dados do BPTran.
Os benefícios da redução de velocidade nas áreas centrais da cidade não atingem apenas aqueles que não andam de carro, mas também, os maconheiros curitibanos. Apesar de ser crime dirigir sob o efeito de qualquer tipo de substância (seja álcool ou maconha), não há como negar que a redução na velocidade dos carros gera maior segurança para o motorista que conduz o veículo chapado e às pessoas ao redor.
Ao contrário do álcool, a maconha é uma droga relaxante. A mente viaja em um turbilhão de pensamentos e ideias, enquanto o corpo reage a estímulos com muita calma, e também lerdeza. Portanto, o indivíduo que dirige chapado, quase sempre vai preferir trafegar em uma velocidade mais baixa do que o normal, devido às limitações motoras e psíquicas induzidas pela erva.
A velocidade limite de 40km/h faz com que o maconheiro aproveite “a pira” de dirigir chapado enquanto ouve Pink Floyd. Paranoia é algo ruim em qualquer lugar, ainda mais em uma via de 60km/h onde os carros trafegam loucamente sem dar sinalização alguma. Ter a Área Calma é, indiretamente, benéfico ao maconheiro, que vai dirigir mais relaxado e com mais segurança.
Por Francisco Mateus
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