Bairro ecológico com 685 casas feitas de cânhamo será construído na Inglaterra

Bairro ecológico com 685 casas feitas de cânhamo será construído na Inglaterra

O bairro ecológico se chamará The Phoenix e estará localizado em Sussex. O projeto imobiliário pretende ter sistema de reciclagem, baixo consumo de energia e jardins públicos.

Uma antiga e abandonada área industrial em Sussex, na Inglaterra, passará por uma reforma total. Um grupo de empresas construirá um bairro residencial e ecológico de 685 casas feitas com cânhamo. Além disso, o projeto prevê a construção de um centro de carregamento de carros elétricos, jardins públicos, edifícios comunitários e um passeio fluvial. O projeto imobiliário já obteve aprovação das autoridades locais de planejamento urbano.

O bairro ecológico terá quase oito hectares e será realizado por diversas empresas, entre elas a agência de design Periscope e os escritórios de arquitetura Ash Sakula, Arup e Mole. A iniciativa é liderada pela empresa Human Nature, fundada por Michael Manolson e Jonathan Smales, ex-diretores do Greenpeace.

“O atual modelo de desenvolvimento dominante é catastrófico. Gera tecidos, infraestruturas e transportes profundamente insustentáveis, alimentando a crise climática e natural. Também cria divisões sociais e agrava a solidão”, disse Smales, CEO da Human Nature. “O nosso objetivo é demonstrar que viver de forma sustentável pode ser uma alegria e não um exercício de abnegação, algo que o desenho dos bairros torna muito mais fácil”, afirmou o antigo diretor do Greenpeace.

O projeto do bairro ecológico será construído para ter baixo consumo de carbono, proveniente do uso de aquecimento e energia. Será também criado um sistema de reciclagem interna com a instalação de espaços para gestão de resíduos e criação de composto para utilização na horta comunitária. Já as casas serão feitas com madeira local preenchida com cânhamo. A iniciativa já obteve aprovação das autoridades locais de planejamento urbano e as obras deverão começar nos próximos meses.

Referência de texto: Cáñamo

EUA: Grupo em Delaware oferece baseados por coleta de lixo

EUA: Grupo em Delaware oferece baseados por coleta de lixo

Um grupo em Delaware está recrutando voluntários para limpar sua comunidade pela recompensa de um baseado.

Chamado de “Joints for Junk”, o programa funciona exatamente como parece: em troca de uma rodada de limpeza de lixo, a Delaware Cannabis Advocacy Network premia os voluntários com um baseado de macoha legal.

“As pessoas se pré-registraram, compareceram, assinaram um termo de responsabilidade e nós lhes damos um baseado”, disse Zoë Patchell, presidente da Delaware Cannabis Advocacy Network, ao Delaware News Journal. “E, realmente, ninguém pegou o baseado e foi embora. Foi um dia muito positivo e inspirador”.

O grupo realizou o primeiro evento “Joints for Junk” em novembrro, meses depois de Delaware legalizar a maconha para uso adulto.

De acordo com o Delaware News Journal, o evento, que foi realizado em Millsboro, “atraiu mais de 50 voluntários com mais de 21 anos, cada um recebendo um baseado pré-enrolado, que foi doado por membros do grupo sem fins lucrativos”. E que, de acordo com a nova lei estadual, “qualquer pessoa pode presentear um adulto com até 30 gramas de maconha”.

“Foi provavelmente um dos nossos melhores resultados para um projeto de serviço comunitário”, disse Patchell, conforme citado pelo Delaware News Journal. “Havia uma série de pessoas novas que nunca tínhamos conhecido antes, e algumas delas até se tornaram membros”.

“Foi uma recepção muito positiva”, acrescentou Patchell. “Acabamos de dizer a eles que estávamos aqui para tornar Millsboro mais verde”.

Delaware legalizou a maconha para uso adulto em abril, quando o governador democrata John Carney permitiu que dois projetos de lei se tornassem lei. Carney já havia vetado propostas legislativas para legalizar a maconha, mas renunciou este ano quando os legisladores de Delaware aprovaram as medidas com maiorias à prova de veto.

Carney enfatizou que continuava se opondo à legalização.

“Quero deixar claro que minhas opiniões sobre esse assunto não mudaram. E entendo que há aqueles que partilham dos meus pontos de vista e que ficarão desapontados com a minha decisão de não vetar esta legislação”, disse Carney. “Tomei esta decisão porque acredito que passamos muito tempo focados nesta questão, quando os delawareanos enfrentam preocupações mais sérias e urgentes a cada dia. É hora de seguir em frente”.

O deputado estadual Ed Osienski, patrocinador dos dois projetos de lei, comemorou o avanço, que fez de Delaware o 22º estado dos EUA a legalizar a maconha para adultos.

“Depois de cinco anos de inúmeras reuniões, debates, negociações e conversas, estou grato por termos chegado ao ponto em que Delaware se juntou a um número crescente de estados que legalizaram e regulamentaram a maconha para uso pessoal”, disse Osienski em comunicado. “Sabemos que mais de 60% dos Delawareanos apoiam a legalização da maconha para uso adulto, e mais de dois terços da Assembleia Geral concordaram”.

Osienski também saudou Carney por permitir que os projetos se tornassem lei.

“Compreendo a oposição pessoal do governador à legalização, por isso agradeço especialmente por ele ter ouvido os milhares de residentes que apoiam este esforço e permitir que se torne lei”, acrescentou Osienski. “Estou empenhado em trabalhar com a administração para garantir que o esforço para estabelecer o processo regulatório corra da maneira mais tranquila possível”.

A lei permite que comunidades individuais em Delaware optem por não participar e proíbam a erva dentro de suas jurisdições.

Os membros do conselho municipal de Millsboro fizeram exatamente isso em setembro, quando aprovaram por unanimidade uma lei que proíbe o cultivo e a venda de maconha dentro dos limites da sua cidade.

No primeiro evento “Joints for Junk”, realizado em novembro, os voluntários “coletaram [lixo] na área ao redor do Millsboro Town Center – o mesmo lugar onde a Câmara Municipal votou contra a maconha apenas seis dias antes, em uma audiência pública em 6 de novembro”, de acordo com o Delaware News Journal.

Patchell disse que o grupo queria “mostrar a todos que os consumidores de cannabis se preocupam com a comunidade e que muitos dos estereótipos negativos simplesmente não são verdadeiros”.

“Nós nos importamos como todo mundo”, disse Patchell.

De acordo com o Delaware News Journal, seis equipes foram colocadas “com coletes amarelos fluorescentes para coletar qualquer lixo que encontrassem usando grandes sacos de lixo da mesma cor” das 10h ao meio-dia.

“Embora não tenha havido problemas relatados com seu primeiro projeto ‘Joints for Junk’, alguns moradores saíram de suas casas para perguntar o que estava acontecendo ao verem os voluntários vestidos com cores vivas perambulando pela vizinhança”, relata o jornal.

Referência de texto: High Times

EUA: dispensário de Massachusetts oferece desconto em maconha para incentivar reciclagem de embalagens

EUA: dispensário de Massachusetts oferece desconto em maconha para incentivar reciclagem de embalagens

Uma rede de dispensários de maconha está oferecendo descontos em seus baseados pré-enrolados para a devolução de embalagens plásticas de produtos de maconha.

A rede de dispensários de maconha Tree House Craft, cujos estabelecimentos varejistas ficam no estado de Massachusetts (EUA), lançou uma campanha para promover a reciclagem de embalagens plásticas de produtos de maconha. A empresa está oferecendo baseados pré-enrolados a um preço fixo de US$ 4 para cada recipiente de plástico entregue pelos clientes, quando o preço normal custa entre US$ 8 e US$ 12.

“Morando na cidade de Boston, vi esses tubos por todas as ruas, eles estão por toda parte”, disse Ture Turnbull, um dos dois proprietários dos dispensários. Os tubos plásticos aos quais Turnbull se refere são os recipientes cilíndricos que contêm os baseados enrolados vendidos em diversos dispensários do estado. “Então analisamos o que precisava ser feito, o que a indústria estava fazendo para resolver isso, quais eram as políticas em torno disso e quais oportunidades havia para fazermos o que é certo”, explicou.

De acordo com o portal Marijuana Moment, muitas das regulamentações da indústria de maconha dos EUA exigem que os produtos estejam em embalagens resistentes a crianças, geralmente feitas de plástico não reciclável, que vai parar no lixo da rua. O programa de reciclagem da empresa Tree House incentiva os consumidores a trazerem embalagens usadas, tanto os tubos de plástico que contêm baseados enrolados quanto as caixas plásticas que contêm flores de maconha.

As embalagens coletadas são recicladas de duas formas. Quando uma embalagem fornecida por um cliente está intacta, a empresa a reutiliza para embalar novos produtos, e, se não estiver em condições, encomenda obras de arte produzidas com os plásticos para serem colocadas em seus dispensários. Desde o lançamento da iniciativa em maio, os clientes devolveram mais de 6.000 embalagens e a empresa ofereceu o mesmo número de baseados enrolados por US$ 4.

Referência de texto: Marijuana Moment / Cáñamo

Colômbia autoriza fabricação de biofertilizante com folha de coca

Colômbia autoriza fabricação de biofertilizante com folha de coca

O Instituto Colombiano Agropecuário (ICA), órgão governamental dependente do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, anunciou esta semana que autorizou o uso da folha de coca para a produção de um biofertilizante. Este é o primeiro registro de fertilizante orgânico com composição de folha de coca autorizado no país, uma decisão tomada a partir do presidente Gustavo Petro, que pretende acabar com a criminalização do uso da folha de coca e dos camponeses que a cultivam.

“Este é o objetivo central da nova política antidrogas do país e será capaz de gerar uma mudança nas economias que hoje permanecem nas mãos do crime e da ilegalidade, fortalecendo os eixos mais fracos da cadeia, como as comunidades cocaleiras”, disse a ministra da Agricultura, Jhenifer Mojica, conforme relatou a Rádio Blu.

A licença foi concedida a uma empresa que representa as comunidades indígenas dos departamentos de Huila e Cauca, com convênio com a reserva indígena Calderas e em aliança com as reservas Togoima e Cohetando. As reservas indígenas são divisões territoriais cuja propriedade é legalmente atribuída a um grupo indígena que ali viveu tradicionalmente.

A empresa declarou que está disposta a comprar 2.500 toneladas de folhas de coca e iniciar a fabricação do biofertilizante. A empresa garante que já possui clientes suficientes no exterior para garantir a venda do fertilizante, principalmente nas plantações de agave no México, que será utilizado para a fabricação de Tequila. “Neste momento, o narcotráfico compra 25 libras (cerca de 11 kg) – de folha de coca – por 30 mil pesos. “Neste momento podemos pagar 45 mil, 25 libras”, explicou Victoriano Piñacué, líder da iniciativa empresarial indígena.

Referência de texto: Cáñamo

A cannabis atua como cobertura viável de cultivos em vinhedos e pode melhorar a qualidade do vinho, diz estudo

A cannabis atua como cobertura viável de cultivos em vinhedos e pode melhorar a qualidade do vinho, diz estudo

As indústrias do vinho e da maconha poderão potencialmente colidir num futuro próximo, uma vez que um novo estudo revelou como o cultivo da planta de cannabis pode ser benéfico para os cultivos de cobertura de vinícolas.

Uma nova pesquisa realizada ao longo de três anos pelo pesquisador de viticultura Dr. Mark Krasnow e pela viticultora Kirsty Harkness descobriu que a cannabis é uma cultura de cobertura viável, pelo menos quando se trata dos vinhedos Sauvignon Blanc da Nova Zelândia.

A pesquisa descobriu que a cannabis (ou cânhamo) não competia com as vinhas e afetava beneficamente os solos e os vinhos. Durante a estação seca do país, a cannabis também se estabeleceu sem irrigação suplementar, quando outros cultivos não conseguiram sobreviver, permitindo que as plantas sequestrassem carbono durante mais tempo no decorrer da estação.

Para regiões dos EUA como a Califórnia, que têm mercados de vinho e da maconha em expansão, estas descobertas podem ser potencialmente úteis para o futuro de ambas as indústrias.

Avaliando o impacto das plantas de maconha nas vinhas

Para avaliar os efeitos da cannabis como cultura de cobertura e cultura intercalar nas vinhas e no solo da vinha, os investigadores cultivaram sementes de cânhamo na linha central da vinha. As plantas mostraram uma capacidade superior de aclimatação sem irrigação adicional e, em vez de terem um efeito negativo nos vinhos, melhoraram a qualidade em comparação com as uvas não cultivadas juntamente com a cannabis.

“As plantas de cânhamo desenvolveram raízes grandes de pelo menos 30 cm e foram capazes de crescer em trilhos compactados de rodas de trator na linha, onde o sistema radicular pode aliviar a compactação causada pelas operações do vinhedo”, disseram os pesquisadores. “As amostras de suco/mosto da colheita de 2019 mostraram uma maior diversidade de espécies de leveduras da área com cânhamo do que o controle, e produziram vinhos perceptivelmente melhores”.

A “grande diferença” no cultivo do cânhamo entre a época 2020-21 e as outras duas épocas também mostrou a importância da utilização de sementes de qualidade, de acordo com o estudo, afirmando que era “absolutamente imperativo para outros cultivos, e o cânhamo não é exceção, pois fortemente evidenciado neste estudo”.

Uma potencial mudança de jogo para o futuro do vinho

Harkness destacou a capacidade da cannabis de beneficiar ainda mais os solos e vinhos afetados, chamando a descoberta de “muito emocionante”.

“As diferenças nas populações de leveduras nativas provocadas por uma cultura de cobertura de cânhamo são um aspecto que desperta muito interesse”, disse Harkness. “A sugestão de que o cânhamo pode melhorar a qualidade do vinho é um tema interessante de estudo adicional, mas não é um caminho que estou trilhando atualmente. Como viticultora, meu foco é produzir frutas da mais alta qualidade e melhorar a saúde do solo nos vinhedos”.

Krasnow também classificou a falta de competição da cannabis com as uvas como “um pouco surpreendente, considerando o tamanho de algumas plantas”. Embora o estudo não tenha avaliado diretamente este elemento, Krasnow disse que vê a cannabis na mistura com outras culturas de cobertura, como o trevo para azoto e o trigo sarraceno para insetos benéficos, como um enorme benefício potencial para as vinhas. Fazer isso não só poderia produzir uvas melhores com menos insumos e sequestrar carbono, mas também aliviar a compactação do solo nas esteiras das rodas do trator, o que pode ser um grande problema nos solos dos vinhedos.

“Dada a possibilidade que o cânhamo oferece como cultura de cobertura, em termos de melhoria dos solos das vinhas, potencialmente melhorando a qualidade do vinho e oferecendo uma segunda fonte de rendimento da propriedade, espera-se que cada vez mais viticultores experimentem o cânhamo como cultivo consorciado ou como parte de uma mistura de cultivos de cobertura mais diversificada”, afirmam os pesquisadores na discussão do estudo.

Referência de texto: High Times

A guerra às drogas prejudica os esforços climáticos e a justiça ambiental, afirma relatório

A guerra às drogas prejudica os esforços climáticos e a justiça ambiental, afirma relatório

Um novo relatório de uma coligação internacional de grupos de defesa afirma que a proibição global das drogas alimentou a destruição ambiental em alguns dos ecossistemas mais críticos do mundo, minando os esforços para enfrentar a crise climática.

Enquanto os legisladores políticos, os governos, as ONG e os ativistas trabalham para elaborar respostas urgentes para proteger as florestas tropicais, que são alguns dos maiores sumidouros de carbono do planeta, o relatório afirma que “os seus esforços fracassarão enquanto aqueles que estão empenhados na proteção ambiental negligenciarem o reconhecimento , e lutar contra o elefante na sala” – ou seja, “o sistema global de proibição criminalizada das drogas, popularmente conhecido como a ‘guerra às drogas’”.

O documento de 63 páginas foi publicado na última quinta-feira pela Coligação Internacional para a Reforma das Políticas de Drogas e Justiça Ambiental, que se descreve como “composta por defensores, ativistas, artistas e acadêmicos tanto do movimento de reforma das políticas de drogas como do movimento ambiental e climático”.

As organizações afiliadas incluem Health Poverty Action, LEAP Europe, SOS Amazônia, o Transnational Institute (TNI) e o Washington Office on Latin America (WOLA). Os membros são da Bolívia, Brasil, Colômbia, Myanmar, Holanda e Reino Unido.

Os autores descrevem a política de drogas como o “elo perdido” na justiça climática, observando como a proibição empurrou a produção e o tráfico de drogas para “fronteiras ambientais chave”, como a floresta amazónica e as selvas do Sudeste Asiático.

“Sempre que os pequenos agricultores cultivam drogas nas margens da floresta, ou os traficantes transportam os seus produtos através das florestas tropicais, é porque a dinâmica da aplicação da lei em matéria de drogas os empurrou para lá”, afirma o relatório. “De fato, nos poucos casos em que o ópio, a cannabis e a coca são cultivados legalmente – para abastecer as indústrias farmacêuticas e de bebidas – o seu cultivo ocorre em contextos agrícolas convencionais”.

Os lucros provenientes de operações ilegais com drogas também alimentam uma rede de outras atividades criminosas que causam danos ambientais, escreveram os autores. Como exemplos, o relatório aponta o comércio ilegal “de vida selvagem, madeira tropical, artefatos arqueológicos, ouro e outros minerais, bem como investimentos em agroindústrias legais, como carne bovina, óleo de palma, soja e abacate. Os lucros das drogas também fornecem capital inicial para o negócio do tráfico de seres humanos”.

O artigo inclui estudos de caso e fotos detalhando como os danos ambientais resultam de políticas proibicionistas. Um exemplo liga o tráfico de drogas no Peru à mineração ilegal de ouro, enquanto outro liga o dinheiro ilícito do comércio de cocaína à destruição da floresta da Alta Guiné, gravemente ameaçada, na África Ocidental.

A comunidade internacional reconhece cada vez mais o trabalho dos atores criminosos no financiamento da “apropriação de terras, da desflorestação, do tráfico de madeira e de vida selvagem, e da mineração, social e ecologicamente, devastadora”, afirma o relatório, bem como da corrupção governamental. “No entanto, estas análises não conseguem identificar o motor destas atividades criminosas”.

“Raramente, se é que o é, o sistema que sustenta tantos destes crimes, e o motor de tantos danos, é mencionado”, continua, afirmando que “é preciso reconhecer claramente que as atuais políticas de drogas são um dos principais impulsionadores desta disfunção econômica e institucional”.

Do ponto de vista da justiça ambiental e económica, afirma o relatório, a guerra às drogas perpetua um ciclo de pobreza e perseguição contra os mais vulneráveis ​​da sociedade.

“O comércio de drogas pode oferecer um rendimento digno ou meios de sobrevivência, onde não existem outros”, afirma, observando que cerca de 200 mil famílias ganham a vida cultivando coca na Colômbia. “Mesmo quando esses agricultores são perseguidos pela polícia ou pelos militares, os benefícios pragmáticos do cultivo de drogas ilegais para a subsistência muitas vezes os obrigam a regressar ao negócio, apesar dos elevados riscos”.

Embora pequenos agricultores desfavorecidos e de baixo nível enfrentem a erradicação das suas colheitas, a detenção e o encarceramento, “aqueles que estão no topo do comércio permanecem em grande parte ilesos, pois o seu poder, dinheiro ou violência compram-lhes imunidade contra processos judiciais e influência sobre a elaboração de políticas da elite”.

Para combater os danos da proibição e garantir que as iniciativas climáticas sejam eficazes, o relatório afirma que “é necessária uma regulamentação eficaz e responsável dos medicamentos”. Mas alerta que as reformas devem ser holísticas e baseadas nos direitos humanos, na saúde pública, no desenvolvimento sustentável e na justiça ambiental.

“A alternativa”, adverte: “reformas em matéria de drogas cooptadas por grandes corporações e elites poderosas que reproduzem os danos da proibição, enquanto as iniciativas climáticas falham, perdendo a oportunidade de evitar a catástrofe climática, porque ignoraram uma das suas causas subjacentes”.

O relatório aborda a história da guerra global às drogas e o seu fracasso, enfatizando que as políticas proibicionistas seguidas pelo que chama de Norte Global se basearam em grande parte num desejo “de controlo social dos ‘indesejáveis’, sejam eles imigrantes, minorias raciais, comunidades indígenas ou oponentes políticos e ideológicos”.

Descreve a guerra às drogas como “desastrosa”, mesmo nos seus próprios termos. “As drogas ilegais estão mais disponíveis, são mais baratas, mais variadas e mais potentes e perigosas do que nunca; mais pessoas usam drogas, sofrem danos à saúde e morrem relacionados às drogas”.

As tendências atuais estão a mudar, observaram os autores, salientando que “mais de meio bilhão de pessoas viverão em breve em jurisdições onde a cannabis é legal”. E as reformas não se limitam à maconha:

“A regulamentação legal de outras drogas além da cannabis também é agora uma realidade, com um mercado legal de folha de coca estabelecido na Bolívia, e um projeto de lei propondo um mercado legal de coca e cocaína sendo debatido no Senado colombiano, reformas que permitem o acesso a plantas psicodélicas sendo implementadas nos estados do Colorado e Oregon, e na Holanda, explorando opções para acesso regulamentado ao MDMA/ecstasy”.

Os mercados regulamentados de drogas levantam questões difíceis, reconhece o relatório. “Mas a realidade da procura resiliente de drogas tem de ser a base de qualquer discussão racional; ou regulamos de forma responsável os mercados de drogas ou continuamos com as falhas manifestas da proibição e abdicação do controle a grupos destrutivos do crime organizado”, afirma. “Não existe uma terceira opção na qual eles possam ser magicamente eliminados ou a ‘guerra às drogas’ de alguma forma emergir vitoriosa”.

O relatório surge no meio de uma mudança de mentalidade global em relação às substâncias controladas, mesmo quando a guerra às drogas continua. Um relatório da agência das Nações Unidas no mês passado destacou as preocupações em matéria de direitos humanos levantadas pela guerra às drogas, instando os Estados-membros a mudarem de políticas punitivas de controle das drogas para uma abordagem enraizada na saúde pública. Lidar com as drogas como um problema criminal, disse, está causando ainda mais danos.

Especialistas da ONU e líderes globais reiteraram esses pontos em Junho, como parte do Dia Mundial da Droga.

Em 2019, o Conselho de Chefes Executivos da ONU, que representa 31 agências da ONU, incluindo o Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), adotou uma posição que estipula que os Estados-Membros devem prosseguir políticas de drogas baseadas na ciência e orientadas para a saúde, “incluindo a descriminalização da posse de drogas para uso pessoal”.

Os países da América Latina e do Caribe também concordaram recentemente em repensar a guerra às drogas. Sob a atual abordagem punitiva, “os resultados esperados não foram obtidos no combate ao problema mundial das drogas, deixando em muitos casos os problemas subjacentes por resolver e explorando e exacerbando as vulnerabilidades dos nossos territórios e sociedades”, de acordo com uma declaração conjunta emitida por 19 nações.

No entanto, um relatório recente da organização Harm Reduction International concluiu que os países ricos doaram quase US $ 1 bilhão para promover a guerra mundial às drogas.

Referência de texto: Marijuana Moment

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