por DaBoa Brasil | jun 19, 2018 | Arte, Ativismo, Cultura
Dar tratos à bola e levantar fumaça. Estar no meio é jornalístico é ter que se contentar com duas realidades opostas convivendo em um status quo difícil de se quebrar. Pode ser que nas redações dos jornais o uso e a visão liberal da maconha sejam algo normal entre os jornalistas, mas a posição sobre a erva quando abordada em matérias nos jornais impressos e portais de notícias acabam pendendo para uma linha conservadora.
Existe a influência da linha editorial dos jornais em cima das matérias produzidas pelos jornalistas, mas há também aquela velha história de separar o “pessoal do profissional”. Na faculdade de jornalismo muito se fala sobre “imparcialidade”. Mas convenhamos, não há nada mais broxante do que a “imparcialidade”, essa posição passiva que, ao tentar dar espaço para duas realidades acerca de um tema, no fim apenas contribui para a estagnação de um assunto que precisa sim ser discutido com o público.
Durante meus anos na faculdade de jornalismo, foram poucas as matérias sobre maconha que li que pendiam para o lado dos usuários, de forma a explicar porque essas pessoas gostam de ficar chapadas e porque elas não podem ser colocadas na mesma caixa dos dependentes de álcool e drogas pesadas. A violência do tráfico, as mega apreensões, as operações policiais e o crescente problema de saúde pública são temas recorrentes nos noticiários, e que acabam por reforçar muitos estereótipos acerca dos usuários de drogas.
Certa noite, revoltado com toda essa passividade jornalística, fui fumar um baseado e ouvir um disco do Erasmo Carlos. Desde o meu primeiro ano de faculdade eu havia decidido que meu trabalho de conclusão de curso seria um livro, mas poucas semanas antes de iniciar o tcc eu ainda não tinha tema. E foi ao soltar fumaça para o ar que me veio a ideia do tema: a maconha pelos usuários.
Foi nessa época, no primeiro semestre de 2017, que comecei a colaborar com o DaBoa Brasil escrevendo ensaios e contos canábicos. Escrever para um blog especializado em maconha foi importante para o enriquecimento da minha bagagem sobre o assunto e também para conhecer pessoas que no fim viriam a colaborar com o livro, como a Margaret Britto e também o Francesco Ribeiro da Revista Maconha.
Decidi que iria escrever um livro que não só desconstruísse a cultura e a forma de pensar dos usuários, mas que também fizesse um recorte sobre a realidade atual dos maconheiros brasileiros. E para escrever essa reportagem, eu iria utilizar o jornalismo gonzo do Hunter Thompson (famoso pelo livro Medo e Delírio em Las Vegas, que foi adaptado para o cinema e teve Johnny Depp no papel principal), vertente do jornalismo em que o repórter assume uma posição parcial e mergulha de cabeça na pauta, a ponto de, por causa do uso de drogas, mesclar a realidade com delírios lisérgicos.
Foram seis longos meses de trabalho, várias madrugadas de pesquisa e muitas horas dedicadas à escrita. A trama do livro Tratos à Bola, escrito em primeira pessoa, se passa entre Curitiba e o Rio de Janeiro, para assim mostrar o contraste no uso da maconha que há entre as cidades. A obra é dividida em cinco capítulos: Aperta, Acende, Puxa, Prende e Passa. Por mais que o foco central seja o uso recreativo e o cultivo de maconha, a questão cultural, antropológica, medicinal, econômica e jurídica ganha um forte enfoque.
O livro Tratos à Bola foi finalizado em novembro de 2017, mas muitas questões foram deixadas de lado e alguns assuntos foram abordados sem muita profundidade por conta do tempo limitado de produção da obra, já que se tratava de um trabalho acadêmico. Mas o objetivo do livro, de assumir o papel de jornalista maconheiro para falar sobre maconha e seus usos na forma mais aberta possível foi atingido. Tanto é que em maio de 2018 a obra ganhou o segundo lugar no 22º Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense na categoria livro-reportagem.
Mas pedra que não rola, cria limo. Por isso, a fim de divulgar o livro enquanto ele não é editado por uma editora, foram impressos 100 exemplares que já estão se esgotando, mas que ainda podem ser comprados por encomenda.
Texto: Francisco Mateus
Foto: Annelize Tozetto
por DaBoa Brasil | abr 13, 2018 | Ativismo, Eventos
Segue a lista de datas, horas e locais das marchas pelo Brasil que já foram confirmadas. Esse é um calendário colaborativo, ou seja, precisamos da sua ajuda para divulgar mais cidades que vão realizar o ato neste ano. A sua cidade também terá marcha e não está na lista? Manda os detalhes pra nós e vamos juntos legalizar a informação!
Atos realizados:
15/04 – Ponta Grossa/PR
Praça Barão do Rio Branco – 14:20
Link do evento: https://goo.gl/7Y7jho
20/04 – Vale do Aço (Ipatinga/MG)
Parque do Itamarati – 16:20
Link do evento: https://goo.gl/ERVn6r
22/04 – Curitiba/PR
Boca Maldita – 14:00
Link do evento: https://goo.gl/V9WBvo
22/04 – Indaiatuba
Av. Ario Barnabe – 14:30
Link do grupo: https://goo.gl/nGeV4h
01/05 – Zona Leste/SP
São Mateus – 14:20
Link da página: https://goo.gl/JADw2N
05/05 – Rio de Janeiro/RJ
Jardim de Alah – 14:20
Link do evento: https://goo.gl/7WPGZC
05/05 – Porto Alegre/RS
Redenção – 16:20
Link do evento: https://goo.gl/RDurju
05/05 – Ribeirão Preto/SP
Rua Amador Bueno – 14:00
Link do evento: https://goo.gl/6ChRyj
06/05 – Vitória/ES
UFES – 16:20
Link do evento: https://goo.gl/XGc51y
06/05 – São Carlos/SP
Praça Santa Cruz – 15:20
Link da página: https://goo.gl/zxNbTL
12/05 – Atibaia/SP
Prefeitura de Atibaia – 15:00
Link do evento: https://goo.gl/96PfW7
12/05 – Teresina/PI
Parque da Cidadania – 16:20
Link do evento: https://goo.gl/hFfPb1
12/05 – Campo Grande/MS
Praça do Rádio – 14:00
Link do evento: https://goo.gl/2gz1kr
12/05 Grajaú – Zona Sul/SP
Centro Cultural Grajaú – 15:00
Link da página: https://goo.gl/vuaSzq
13/05 – Aracaju/SE
Arcos da Orla de Atalaia – 16:20
Link do evento: https://goo.gl/RZUppd
19/05 – Campos dos Goytacazes/RJ
Praça São Salvador – 16:20
Link do evento: https://goo.gl/qH1hQ1
19/05 – São José dos Campos/SP
Praça Afonso Pena – 13:00
Link do evento: https://goo.gl/pXZ9J2
19/05 – Recife/PE
Praça Oswaldo Cruz – 14:00
Link do evento: https://goo.gl/kbSqfk
19/05 – Baixada Santista
Praça da Independência – 15:00
Link do evento: https://goo.gl/pjC94H
19/05 – Campinas/SP
Largo do Rosário – 14:00
Link do evento: https://goo.gl/otqXtz
19/05 – Sudoeste/SP
Praça em frente ao extra Jaguaré – 14:00
Link do evento: https://goo.gl/sW7CkZ
19/05 – Contagem/MG
Praça do Cigano – 13:20
Link do evento: https://goo.gl/ZoykBo
19/05 – Nova Iguaçu/RJ
Detalhes a confirmar
25/05 – Três Fronteiras (Foz do Iguaçu/PR)
Bosque Guarani – 15:00
Link do Evento: https://goo.gl/xVHnoV
26/05 – Niterói/RJ
Centro – 14:20
Link do evento: https://goo.gl/Tq6CDq
26/05 – São Paulo/SP
MASP – 14:00
Link do evento: https://goo.gl/z46xhB
26/05 – Mossoró/RN
Memorial da Resistência – 16:20
Detalhes a confirmar
26/05 – Belo Horizonte/MG
Praça da Estação – 16:20
Link do evento: https://goo.gl/qVB7qD
26/05 – Piripiri/PI
Praça da Bandeira – 16:20
Link da página: https://goo.gl/z5FgQj
27/05 – Juazeiro do Norte/CE
Detalhes a confirmar
27/05 – Juiz de Fora/MG
Detalhes a confirmar
Link da página: https://goo.gl/bYYAna
27/05 – Belém/PA
Detalhes a confirmar
Link da página: https://goo.gl/h8hYqh
27/05 – Fortaleza/CE
Detalhes a confirmar
Link da página: https://goo.gl/HKsnYb
30/05 – Brasília/DF
Catedral de Brasília – 14:00
Link do evento: https://goo.gl/53qvbG
31/05 – Natal/RN
Praia de Ponta Negra – Ponto 7 – 12:00
Link do evento: https://goo.gl/7FKkSy
02/06 Florianópolis
Largo da Alfândega – 13:00
Link do evento: https://goo.gl/63ozpv
03/06 – Santo André/SP
Rua das Caneleiras – 14:20
Link da página: https://goo.gl/YYb9mp
08/06 – Goiânia/GO
Praça Universitária – 16:20
Link da página: https://goo.gl/KpYKyA
09/06 – João Pessoa/PB
Parque Solon de Lucena – 16:20
Link do evento: https://goo.gl/PUhb1p
10/06 – Londrina/PR
Escadaria do Zerão 14:20
Link do evento: https://goo.gl/fVMd2W
Máximo respeito a todos que levantam a bandeira da liberdade e não se calam diante da repressão! Nossa vitória não será por acidente!
Gostou da nossa iniciativa? Tem alguma informação para adicionar na lista? Deixe um comentário!
por DaBoa Brasil | mar 22, 2018 | Ativismo, Política
Como acontece a cada dois anos, nos deparamos em 2018 com um ano eleitoral. O movimento canábico e os grupos que o integram se preparam para debater com políticos e candidatos.
Alguns eleitores acham que a questão da maconha na política é secundária, não tem importância. O que importa é saúde, economia, e segurança. Mas existe alguma outra planta que se for descriminalizada vai melhorar a saúde das pessoas que a utilizam como medicamento; aumentar a arrecadação para os cofres públicos; diminuir a violência e resolver o problema do falido sistema prisional?
Não podemos ficar intimidados. Precisamos discutir as relações entre Estado e Sociedade. Não é papel do estado definir o que um indivíduo deve ou não fazer. Compete sim ao estado dar todo o suporte de saúde necessário ao cidadão brasileiro que opte por se tratar com as alternativas de cura que a canábis nos proporciona.
Candidatos de partidos que misturam religião e política ainda têm uma visão errônea e acreditam que a cultura canábica está ligada ao crime. Não enxergam que o que aumenta os crimes e as mortes é a Guerra às Drogas. Enquanto certos governantes fazem parte de um sistema corrupto que cobra propina e criminaliza os usuários. Desses precisamos manter distância. Evitar ao máximo esses políticos que fecham os olhos para as próprias leis porque são propagadores de “falsos crimes” que envelhecem no nosso código penal. São considerados crimes até os dias de hoje porque a lei ainda não foi atualizada.
Outros aspirantes a cargos eleitorais que estão abertos ao diálogo e percebem a importância da nossa causa merecem a nossa atenção.
Em meio a tantas drogas verdadeiras que são consumidas rotineiramente, a cannabis é uma planta injustiçada. Injustiçada porque a sociedade hipocritamente se cala perante seus benefícios.
Como indivíduos, muitas vezes apresentamos ideias diferentes uns dos outros. A democracia nos assegura esse direito à diferença. O diálogo é indispensável. Apenas regimes totalitários e ditaduras impõem normas sem dialogar com a população.
Não existem pessoas que entendam mais desse assunto, do que aquelas que já convivem com essa medicina natural há muitos anos. Os argumentos que mais deveriam ter peso na criação das novas leis são os das pessoas diretamente ligadas à questão da cannabis.
Não queremos apenas promessas em debates. O mínimo que pedimos, apenas para começar, é a regulamentação do cultivo. Qualquer coisa abaixo disso apenas aumenta a falácia da criminalização baseada em falsos argumentos.
Vamos ficar atentos aos candidatos que aprovarão a regulamentação da maconha e os direitos dos usuários; também aos candidatos que se manifestam contra, para não votar neles nem por engano. Alguns apoiam internação involuntária de usuários recreacionais. Leis como essa, se forem aprovadas, afetarão gravemente os direitos da comunidade psicoativa.
Devemos estar informados sobre todas as iniciativas e discussões. Estamos iniciando um novo ano de ativismo em nosso país, que busca resgatar conceitos que foram distorcidos, visando esclarecer que todos têm interesse e podem se beneficiar com a regulamentação da maconha em todos os setores da sociedade civil.
Um exemplo que temos de um grande líder a ser seguido é o do Presidente da República Oriental do Uruguai entre 2010 e 2015, José Alberto Mujica Cordano. Apresento abaixo trechos do histórico discurso que ele fez na Assembleia Geral da ONU em 2013. O verdadeiro aplicador do conceito de alta política, que fez a sua parte pela nossa causa e demonstrou que o que muda o mundo são as nossas ações e não apenas os nossos argumentos.
“De salto em salto, a política não pode mais se perpetuar, e, como tal, delegou o poder, e se entretém, aturdida, lutando pelo governo. Debochada marcha de historieta humana, comprando e vendendo tudo, e inovando para poder negociar de alguma forma o que é inegociável. Existe marketing para tudo. Para o cemitério, para o serviço funerário, para as maternidades, marketing para os pais, mães, avós, passando pelos carros e férias, tudo é negócio.
O homenzinho médio de nossas grandes cidades perambula entre os bancos e o tédio rotineiro dos escritórios, às vezes temperados com ar condicionado. Sempre sonha com as férias e com a liberdade, sempre sonha com pagar as contas, até que, um dia, o coração para, e adeus.
A crise é a impotência, a impotência da política, incapaz de entender que a humanidade não escapa, nem escapará do sentimento de nação. Sentimento que está quase incrustado em nosso código genético.
Cremos que o mundo requer a gritos regras globais que respeitem os avanços da ciência, que abunda. Mas não é a ciência que governa o mundo.
Seria imperioso alcançar uma consciência planetária para resgatar o poder da solidariedade aos mais oprimidos. Isso é mil vezes mais rentável do que fazer guerras.
Sim, a alta política entrelaçada com a sabedoria científica. Ali está a fonte. É um sacrifício inútil enfrentar a consequência e não enfrentar a causa. O que alguns chamam de crise ecológica do planeta é consequência do triunfo avassalador da ambição humana.
Entramos em outra época aceleradamente, mas com políticos, enfeites culturais, partidos e jovens, todos velhos.
Ouçam bem, queridos amigos: em cada minuto no mundo se gastam US$ 2 milhões em ações militares nesta terra. A investigação médica cobre apenas a quinta parte desse valor.
Até que o homem não saia dessa pré-história e arquive a guerra como recurso quando a política fracassa, essa é a larga marcha e o desafio que temos daqui por diante. E o dizemos com conhecimento de causa.
Isso é paradoxal. Mas, com talento, com trabalho coletivo, com ciência, o homem, passo a passo, é capaz de transformar o deserto em verde.
O homem pode levar a agricultura ao mar. O homem pode criar vegetais que vivam na água salgada. A força da humanidade se concentra no essencial. É incomensurável. Ali estão as mais portentosas fontes de energia. O que sabemos da fotossíntese? Quase nada. A energia no mundo sobra se trabalharmos para usá-la bem.
É possível criar estabilidade e será possível para as gerações vindouras, se conseguirem raciocinar como espécie e não só como indivíduos.
Mas, para que todos esses sonhos sejam possíveis, precisamos governar a nos mesmos, ou sucumbiremos. Não nos entretenhamos apenas remendando consequências.
Pensem que a vida humana é um milagre. Que estamos vivos por um milagre e nada vale mais que a vida. E que nosso dever biológico, acima de todas as coisas, é respeitar a vida e impulsioná-la, cuidá-la, procriá-la e entender que a espécie é nossa.”
O primeiro ponto que nos chama a atenção do discurso de Mujica é que os políticos não conseguem se manter onde estão sem o povo. Se querem chegar em algum lugar, em algum momento vão precisar do nosso voto. Sem esse elemento fundamental nada pode ser feito.
Embora as pessoas estejam concentradas em sua maioria nas ações da vida cotidiana, no íntimo de seu ser, todos aspiram à liberdade. Essa libertação que está para ser conquistada com a descriminalização e a legalização da maconha no Brasil é algo que o espírito de coletividade pede desde que a Guerra às Drogas foi implantada.
Somos todos irmãos. E só vamos mudar esse cenário se permanecermos unidos. Buscamos perpetuar a fraternidade universal como resposta ao ódio e à opressão.
Estamos cercados pelas bancadas religiosas, que a cada dia distorcem o estado laico. A ciência nos mostra os fatos através de suas pesquisas, mas cada vez mais essas bancadas passam por cima do que é funcional e medicinal.
Uma hora ou outra vamos abrir os olhos e parar para pensar no lucro que está sendo desperdiçado para dar lugar a uma guerra que vai contra os próprios cidadãos brasileiros.
Vamos resgatar a alta política de Mujica. Voltar os olhos para a natureza que pede socorro. Construir um futuro sustentável aplicando técnicas de agroecologia. Renovar o cenário político. Voltar os olhos para as questões que pedem atenção, para solucionar um problema inventado e empurrado goela abaixo.
A administração dos governos tem a necessidade de levar em consideração o conhecimento científico e nunca se esquecer de aplicar a ética. O respeito que Mujica nos desperta pela vida deveria ser levado em consideração para todas as questões em discussão no Congresso Nacional. Olhar para o coletivo e não para o próprio umbigo.
O potencial de mercado que a cannabis apresenta para a nossa agricultura, que é o setor que leva o Brasil nas costas, não pode ser ignorado. Somos um país com condições excelentes para nos tornarmos grandes exportadores da planta. Sua fibra pode ser utilizada na fabricação de tecidos, carrocerias de automóveis, tijolos ecológicos com altas taxas de absorção de CO2; e com as suas sementes ainda é possível produzir biodiesel.
Apenas a informação profissional, investigativa e isenta de juízo de valor pode apresentar uma visão mais honesta sobre a cannabis no Brasil; Muito cuidado com falsos discursos envolvendo a maconha; pois existem bancadas propagando discursos de ódio contra nossa planta.
Não podemos nos calar. Agora é a hora de incentivar festivais informativos, feiras comerciais e manifestações a favor da legalização e da descriminalização, paralelamente ao esforço em conjunto de todos os ativistas brasileiros. Usuário, saia do armário!
Por Rodrigo Filho ∴
Escritor e Ativista
por DaBoa Brasil | mar 19, 2018 | Ativismo, Economia, Política, Saúde
A proibição é estúpida e a legalização traria muitos benefícios para toda a sociedade.
A legalização da maconha trará muitos benefícios, e sua ausência provoca mais perdas do que ganhos. Citaremos cindo razões provando que a proibição da maconha é estúpida e por que mais países deveriam legalizar essa planta.
- Ninguém morreu por overdose de maconha
É claro que em muitos dos mortos podem encontrar vestígios de canabinoides, mas essa certamente não foi seria a causa da morte. Não há evidências de que haja apenas uma pessoa que tenha morrido por overdose de maconha. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 2,5 milhões de pessoas morrem por ano devido ao álcool, sem incluir os acidentes de carro causados pelo uso da bebida. Enquanto isso, um fumante de maconha teria que consumir THC em uma quantidade de cerca de 20.000 a 40.000 cigarros da erva para estar em risco de morte. As estimativas dos cientistas indicam que 2.1 kg de maconha deveriam ser fumados em um curto espaço de tempo para ser letal.
- Existem mais de 180 milhões de usuários de maconha no mundo
A estimativa da OMS é de que exista 181,8 milhões de usuários de maconha no mundo, em suas preparações mais comuns, como maconha e haxixe, com idade entre 15 e 64 anos. Apenas na Europa 11,7% dos jovens, com idade entre 15 e 34 anos, usaram a substância no ano passado, já entre o grupo com 15 a 24 anos o percentual sobe para 15,2%. Do total de usuários globais, estima-se que 13,1 milhões sejam dependentes. No Brasil, a estimativa da agência é que 2,5% na população adulta usou maconha nos últimos 12 meses, percentual que sobe para 3,5% entre os adolescentes, taxa semelhante à de outros países da América Latina. Se tantas pessoas fumam maconha, já não passou da hora de ser regulada?
- O sistema de justiça não funciona
A criminalização da maconha criou um efeito borboleta fatal através da guerra contra as drogas que é considerada um fracasso. A lei mais rígida não reduz o número de usuários de drogas. A ONU acredita que o consumo mundial de drogas está crescendo. O consumo de cocaína em 1998 foi de 13,4 milhões de pessoas, e em 2008, 17 milhões. Em 1998, 147,4 milhões de pessoas admitiram fumar maconha e em 2008, 160 milhões.
A maioria dos processos relacionados a drogas são causados por uma pequena quantidade para seu próprio uso. As prisões estão superlotadas e os países gastam muitos milhões de impostos por ano em questões criminais relacionadas à maconha. Em vez de perseguida, a sociedade deve ser tratada e educada. Isso foi referido em um relatório recente sobre mudanças na política de drogas em todo o mundo.
- A legalização da maconha aumenta a economia
Como o álcool, que um dia também foi ilegal, a maconha garante que os lucros destinados aos traficantes vão para os impostos do Estado. É mais sensato taxá-la, já que o governo já faz isso com o álcool e tabaco. De acordo com um relatório publicado pela Harvard, a regulamentação legal da maconha só nos Estados Unidos economizará cerca de US $ 7,7 bilhões em gastos do governo para impor a proibição.
- A legalização reduzirá o consumo de álcool
Bob Marley disse: “a erva está curando a nação, o álcool é a destruição”. O álcool mata milhões de pessoas por ano e pode ser substituído por maconha, que é 114 vezes mais segura. A legalização da maconha para fins recreativos não afetará negativamente a saúde pública. Além disso, a cannabis reduz o dano causado pelo álcool, tanto no cérebro quanto no fígado.
Fonte: Fakty Konopne
por DaBoa Brasil | nov 21, 2017 | Ativismo, Política
Acender um baseado em pleno Mês da Consciência Negra é como acender uma vela de luto. Não há muito o que se celebrar, já que a Lei de Drogas em vigor no Brasil nada mais do que é uma lei racista que tem como objetivo manter as classes e grupos marginais da sociedade em ordem. Ser a favor da proibição das drogas é ser favorável à guerra contra os negros, pois quem conhece a história por trás da criminalização de certas substâncias, sabe que ela só existe por conta do ódio ao povo africano.
A maconha chegou ao Brasil por meio dos escravos, que nos navios negreiros, trouxeram consigo sementes de canábis. Sabe-se que o uso da erva era altamente incentivado pela coroa portuguesa, não só para a produção de produtos feitos com a fibra do cânhamo, mas também para deixar os escravos relaxados e inebriados com a maconha após uma longa jornada de trabalho.
Por tanto, por vários séculos, a maconha esteve relacionada com a cultura africana. No Brasil, um grande exemplo é o Candomblé, que fazia uso da erva durante as celebrações. Porém, foi no ínicio do século XX que os negros começaram a ser perseguidos mais intensamente por conta do uso da maconha. Com o médico Rodrigues Dória, que começou a pesquisar e escrever artigos sobre a relação entre negros e maconha com o alto índice de violência nos centros urbanos.
Para o Dr. Rodrigues Dória, a maconha não só é um legado da cultura africana como é também a responsável por despertar o instinto violento nos negros. Segundo o médico, controlar o uso da maconha seria, portanto, uma forma de controlar as classes mais baixas da sociedade, como forma de manter o status quo social.
Acontece que esta visão etnocêntrica, apesar de extremamente ultrapassada, continua sendo preservada pela maioria da população brasileira. Infelizmente, não será tão cedo que o uso da maconha vai continuar sendo relacionada de forma negativa aos negros. Dizer que não existe racismo no Brasil é a maior idiotice que alguém pode dizer. Enquanto a atual Lei de Drogas continuar em vigor, o racismo legal continuará existindo e fazendo vítimas da ignorância.
Por Francisco Mateus
por DaBoa Brasil | out 25, 2017 | Ativismo, Economia, Política
Brasileiros se mudam para o Uruguai e criam projeto de estudo da cannabis e produção de conteúdo educativo voltado para o público latino-americano.
Quando o Uruguai tornou-se o primeiro país do mundo a legalizar a cannabis, no fim de 2013, já era previsto que essa medida influenciaria de alguma maneira outros países da América Latina. Um passo neste sentido está sendo dado por um grupo de brasileiros que emigraram ao país em busca de liberdade para plantar a erva. O projeto GrowKnow.How funciona como um coletivo de cultivos individuais que se dedica a estudar o universo da cannabis de forma holística e livre de preconceitos. Trabalhando com recursos próprios até agora, o grupo está lançando uma campanha de financiamento coletivo no Catarse para começar a produção de conteúdo educativo, transmitindo o conhecimento acumulado nas suas experiências.
Durante décadas de proibição e repressão, as poucas informações públicas disponíveis sobre a maconha eram de que faz mal e qualquer envolvimento com ela é crime. Depois de algumas gerações educadas com estes conceitos unilaterais, sem um contraponto, formou-se um claro preconceito social contra a cannabis e aqueles que se envolvem com ela.
“Este preconceito é a base que ainda sustenta a proibição. A proibição é a raiz da maior parte dos malefícios atribuídos à cannabis. Hoje já não há tantas barreiras para a informação. Isso significa que este preconceito pode ser revertido.”, avalia o idealizador do projeto, engenheiro químico e desenvolvedor de softwares Ricardo Tolomelli, o Rico.
Há dois anos Rico se mudou para o Uruguai para desenvolver ferramentas digitais para o segmento canábico e poder “tirar o pé do armário”, expressão irônica que significa assumir publicamente que cultiva. Assim como ele, outros brasileiros deixam o país em busca de paz para cultivar sem medo de represálias, mesmo que isso signifique ficar longe de seus familiares e amigos. Em pouco tempo uma pequena rede de amigos se formou em torno do tema e o GrowKnow.How ganhou massa crítica para sair da ideia e tomar forma.
O grupo é multidisciplinar e aberto, pois a proposta do GrowKnow.How é elucidar o universo da cannabis em todos os âmbitos. Não há tabu para o que se investiga: técnicas de cultivo e processamento; uso medicinal, recreativo, espiritual ou terapêutico; aspectos comerciais, ecológicos, utilitários, sociais. Todo tipo de questionamento, reflexão e experimento que possa trazer luz ao tema é interessante. Separados, os membros estudam aquilo que mais lhes interessa, juntos somam o conhecimento e procuram entender as interações entre os diferentes aspectos.
A sequência natural do projeto é difundir o que estão descobrindo. Para dar este passo, o GrowKnow.How está organizando no início de dezembro, em La Pedrera – Uruguai, um workshop de quatro dias onde irá abordar alguns temas principais: cultivo, extrações, culinária e aplicações terapêuticas. O evento é para um número limitado de participantes, que chegarão até lá através de uma parceria com o site de experiências canábicas internacionais, o Micasa420. No entanto, o workshop será inteiro registrado em vídeo e junto com o e-Book que está sendo elaborado formará o primeiro pacote de conteúdo educativo do projeto.
Para financiar o evento e iniciar uma produção e veiculação regular de conteúdo, o projeto lança uma campanha de financiamento coletivo. “Romper o preconceito será benéfico para todos, por isso preferimos ser financiados pelo público que entende isso.”, explica Rico.
Para saber mais sobre o projeto e para apoiá-lo, confira a campanha do Catarse e o canal do GrowKnow.How.
– Campanha Catarse,
– Facebook GrowKnow.How
– Instagram GrowKnow.How
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